27.3.10

Sentimentos mínimos

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"As mulheres dão atenção a detalhes, a coisinhas. A agulhas, linhas, botões, caixas, miçangas. Será porque nas cavernas os homens saiam para caçar, ver o mundo, e ficávamos ali coletando pedrinhas, ossinhos, sementes? Ao mesmo tempo, a visão aparente de "pouco alcance" nos dá concentração para a imensa paisagem interior, onde se estendem afetos, o amor como um lençol gigante, a estrada sem fim da emoção... Enquanto enfiamos miçangas na linha, os pensamentos voam. Mergulhamos na interioridade nestes momentos aparentemente ingênuos e, de certa forma,...artesanais. Para mim é o artesanato do pensamento, assim como a escrita que se destina ao mundo, mas primeiro, antes de tudo, é um enfiar de letrinhas, como contas, miçangas, no "papel" em branco. Às vezes faço colares de pensamentos. Pequenos pensamentos, aparentemente sem importância, mas sinto cada pedrinha que se move dentro de mim. Certas impressões revelamos a poucos. O atrito é muito delicado..."

Texto Célia Musilli / Imagem daqui

2 comentários:

Rosamaria disse...

Que legal a comparação que ela faz! É bem assim quando estamos fazendo algum trabalho manual estamos mergulhando no nosso interior.
Bjim.

Ana disse...

E é um momento tão introspectivo, tão nosso...

Lembrei daquela música do G.Gil, "A Linha e o Linho". Nela ele fala de um bordado feito a dois... Linda demais!

Beijooo!

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