19.2.21

Pampa profundo

"Neste verão, a estrada me levou para o sentido oposto ao azul marítimo e às aglomerações que ele convoca. Uma semana no pampa profundo, lá fui eu.

Gaúcha que se preze tem bom relacionamento com vacas, figueiras, forno a lenha: por que eu seria diferente? Mas sou, um pouquinho. Já passei finais de semana na estância de uns primos, outros na estância do namorado, tudo ótimo, mas cronometrado: na terceira noite, começo a sofrer com o excesso de silêncio. Desta vez fui mais disposta, com um olhar treinado para o detalhe e a paciência mais esticada. Boa vontade faz milagres.

O pampa é longe. Depois de 400, 500 quilômetros de asfalto, entra-se no chão batido, a poeira levanta e atravessa-se a campanha. Atrás das cercas, animais isentos de pressa, pássaros voando em câmera lenta, um peão solitário espia por baixo do chapéu e acena. Está-se em outro tempo, em outro lugar. O carro para em frente a uma porteira fechada. O passageiro desce, abre, espera o motorista atravessá-la com o veículo, fecha novamente e retorna para seu assento, e a viagem continua até a próxima porteira, ou até que ela apareça: a casa.

Ela será branca e terá um passado. Os móveis contarão histórias de família. Tudo será original: a cerâmica do piso, as esquadrias pintadas de azul royal, os baús e cristaleiras. Nada será sintético ou terá a etiqueta da Tok&Stok: de moderno, apenas a tela na janela dos quartos tentando impedir a entrada de mosquitos, apesar de um furo ou dois.

Os cheiros não virão apenas da cozinha: feijões, carnes de panela, ambrosias. Os corredores e varandas também exalarão seus aromas. Da madeira do fundo dos armários. Do couro do tapete da sala. Da ferrugem dos ferrolhos das janelas. Abra todas delas. Lá fora, uma cartela com tons de verde nunca vistos.

Uma bezerrinha se aproxima do pátio em busca de leite, perdeu-se da mãe. O cavalo, ao longe, na pastagem, não se dá conta de que é um rei. Répteis rastejam em pontos distantes — ou talvez perto demais, ninguém quer pensar nisso. E há os cachorros, vários, magros, os menores e os maiores, e alguns gatos.

E faz só cinco minutos que a mala foi aberta, recém troquei o tênis pelas botas. Haverá muito para contar. Sobre um vento menos discreto do que o vento da cidade. Sobre perdizes, beija-flores e cardeais de topete vermelho. Sobre as paineiras e suas sombras, o trote curto na égua mais mansa, as ovelhas reunidas por um border collie, os bambuzais e seus ruídos enganadores, o vocabulário peculiar do pessoal que vive rente à fronteira, quase em outro país. Estou aprendendo. Mansamente, como convém. Não é mar, é outro mergulho."


Martha Medeiros

18.2.21

Uns dias na cidade...


Para cuidar do jardim, limpar a piscina, ir na Telúrica e ficar uns diazinhos de férias...

 

14.2.21


"Se amansa o potro
Pelas mãos de um afago
Quem amanuncia cedo
Traz um costume do pago
Para depois, na doma,
Ele lembrar do agrado"

Ricardo Félix Haas, 18/02/2021


* Amanunciar: 
 1. Vem de "manuseio"; processo inicial de amansamento de um cavalo xucro (não domado).

9.2.21

Aniversário do Anselmo


 Que teu sorriso seja constante, a tua felicidade um exercício cotidiano, 
o teu coração sempre esteja em paz e teu entusiasmo, por tudo que te apaixona, contagiante!
Que tu tenha muita saúde e essa guriazinha amada sempre pertinho de ti!
Feliz aniversário, Dudedude!! 
(Meu aquariano preferido! kkkkkk)

Obs.: Fui obrigada a roubar estas fotos...

8.2.21

🐦 🐦 🐦


Sementes de Tipuana. 
Desde criança me encantam... 
Parecem pássaros! 🐦 🐦 🐦

 

3.2.21

Costura

Érica Toledo

"Aos 15 anos, eu achava que o amor era seda finíssima, que cobria a visão dos amantes com um tom rosado.
Aos 20, imaginei que era cetim. Brilhante, ruidoso e escorregadio. Cama para a perdição dos sentidos.
Aos 25, me abriu a temporada da primavera. O amor virou pano de chita. Flores e fecundação. Reprodução colorida.
Aos 30, desejei fazer uma colcha de retalhos, juntando das pessoas só os pedaços que eu gostava.
Aos 35, minha alma sentiu frio e eu desejava o amor como um xale jogado nos ombros.
Aos 40, comecei a admirar os panos remendados, refeitos pela esperança, cerzidos com persistência.
Já não desejo a bela toalha de banho engomada, que não seca o corpo. Ou o edredom novo, que não cola na pele.
Entendi que amor é ninho. Trama reforçada para suportar os atritos. Tecido grosso que se costura nas roupas de criança na altura dos joelhos e dos cotovelos. Confiança e proteção.
Fico imaginando o que irei aprender sobre o amor nos próximos anos.
Talvez, tendo compreendido um pouco sobre o seu feitio, eu possa, agora, me dedicar aos delicados bordados à mão."

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