23.5.08

Reflexões sobre "Corpo & Alma"


"A espiritualidade não diz respeito basicamente aos estados alterados de consciência.
Diz respeito à corporificação e ligação à terra, ou, como diriam alguns teólogos,
à encarnação do espírito.

O desafio não é sair do corpo, mas perceber que o corpo é o templo do sagrado."

George Feuerstein
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A Arte de Amar
Manuel Bandeira
“Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.”

Fragmentos de um post de Gustavo Gitti:
"Uma relação pode até começar com uma metáfora, mas o amor não se vive como metáfora. Uma história a dois se inicia quando ambos compartilham sonhos, quando a aventura mitológica de um encontra espaço no caminho poético do outro.
Durante a conquista, podemos penetrar o outro com palavras. Isto porque o ato de sedução é uma espécie de promessa de relacionamento. No meio do namoro, entretanto, para penetrar o outro é preciso realmente penetrar o outro.
Só o corpo é capaz da verdadeira poesia:
dizer aquilo que de fato se quer dizer.
Quando não nos relacionamos com o corpo, deixamos desejos perdidos em sublimações desencarnadas.

Gastamos energia, nos esforçamos e ainda assim deixamos de viver tudo o que podemos.
Para uma relação encarnada:
Não aceite sentimento algum (seu ou do outro) que não seja uma sensação corporal. Desconfie de visões espirituais que não surjam acompanhadas de percepções sensoriais. Ignore pensamentos que não impliquem em posturas e posições do corpo. Abandone conversas em que ninguém esteja dançando. Evite compensações e substituições para seus desejos amorosos – seu impulso de invadi-la, desrespeitá-la, penetrá-la de todos os modos; sua vontade de ser perscrutada, rendida, atravessada.
Por meio de práticas corporais (ioga, tai chi, kung fu, esportes, meditação, artes), aprofunde sua relação com o corpo. Sinta não apenas seu corpo, mas a corporeidade dos outros. Toque o corpo do mundo. Aprenda novos movimentos, gestos, olhares. Jeitos de pegar e conduzir; modos de se soltar e se entregar.
Experimente segurar um pouco mais forte. Entorte, desentorte, se demore mais.
Use seus dedos para dançar com a mão dela. Esfregue seus pés nele. Faça massagem de perna com perna, braço no braço. Delicie-se com o colo, aquele universo imenso que existe entre o pescoço e os seios dela.
Uma história de amor talvez seja a tentativa – sempre fracassada – de viver com o corpo aquilo que certa vez fantasiou a alma. Mas não precisa ser assim. Aquilo que o próprio corpo fantasia parece bem mais rico. E possível.
O que não sei lhe fazer com o corpo, guardo em minha mente. O que não sei tocar, lamber ou deslizar, penso. Com isso, ora vou disparar bla-bla-blás românticos, ora vou brigar em argumentos infindáveis. Mas e se eu conseguir falar com os lábios? E se lhe pedir para me escutar apenas com sua boca?"(Texto completo aqui.)

"A comunicação entre as almas começa pela comunicação entre os corpos, e,
se os corpos não se entendem, não há transcendência que possa fazer as almas se comunicarem."
Deborah Leão, num comentário ao post acima.
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Um comentário:

Blog do Beagle disse...

Que delicia de post. Certa vez li uma reportagem sobe o beijo. Casais que não se beijam estão afastados e vivendo em mundos diferentes...Movimentos, toques e seduções ... ai!!!!!!! Que delicia!!! Bjkª. Elza

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