tia ana, não sabes como me tocou ler essa frase, saber desse impacto... senti como uma leitura dos meus pensamentos, dos meus sentimentos. sempre sofri muito com isso, quando era pequena tinha horror do centro de porto alegre, nunca queria ir ao dentista porque sabia que ía ver muito disso nas ruas. ía ver velhos, mães, filhos -pessoas tão novas e já com essa sensação de não ter futuro. nessa época não sei se era exatamente essa coisa dos seus futuros (da falta de futuro) que me passava pela cabeça, não sei bem o que eu pensava, mas sei exatamente o que eu sentia, e era horrível. no fim, acho que essas doses de realidade aos poucos, e desde tão cedo, me fizeram mais humana e mais sensível às dores do mundo. assumir a culpa, acima de tudo, é dolorido. às vezes me condeno por estudar tanto pra poder lutar por uma sociedade mais justa e por agora, no presente, não fazer nada de fato pra isso. só sofrer. sofrer diante da minha dor e da minha omissão... pois ainda tem essa parte difícil da história: assumir o quanto somos omissos. assumir o tudo que dizemos e o pouco que fazemos. quanta gente passa fome, quanta gente morre pra satisfazer os prazeres políticos de homens que não sente isso que estamos falando... é um papo que parece piegas, mas é isso que é o mundo, é isso que tem no mundo do qual fazemos parte e pelo qual fazemos pouco, muito pouco. mas apesar de tudo, ainda acredito no tudo que somos capazes enquanto humanos e em como isso pode nos tocar... e talvez porque eu seja nova demais, ou talvez porque eu seja assim mesmo, não quero deixar de acreditar que devemos ser utópicos. que o que não podemos é co-existir com essa miséria humana com a naturalidade de quem nada vê - e pior, que nada tem a ver. isso é assassinar o sentido de existir, de lutar, de esperar pelo outro dia. isso é acabar com a sensibilidade, com o sonho, com os sentimentos... é acabar com o que de humano o humano tem. talvez seja essa a razão dessa coisa tão ruim que agente sente nessas horas, um despertador pra não nos deixar parar de sentir, e principalmente, que não nos deixar perder a utopia... jamais.
uia tia, acho que escrevi demais. comi umas teclas no caminho, deve ter sido a pressa de me expressar. mas deu pra entender o 'homens que não sente' e o 'que agente sente nessas horas'... te adoro, querida. beijs
Camila Não escreveste demais, não! Sinto exatamente assim! Parece tão absurdo, incompreensível e tão difícil de mudar! É a "dor do mundo", como o Vítor disse tão bem...
Kristal!!!! Ahhh! Velho rico é outra coisa! E teu humor sempre me faz bem!
4 comentários:
tia ana, não sabes como me tocou ler essa frase, saber desse impacto... senti como uma leitura dos meus pensamentos, dos meus sentimentos. sempre sofri muito com isso, quando era pequena tinha horror do centro de porto alegre, nunca queria ir ao dentista porque sabia que ía ver muito disso nas ruas. ía ver velhos, mães, filhos -pessoas tão novas e já com essa sensação de não ter futuro. nessa época não sei se era exatamente essa coisa dos seus futuros (da falta de futuro) que me passava pela cabeça, não sei bem o que eu pensava, mas sei exatamente o que eu sentia, e era horrível. no fim, acho que essas doses de realidade aos poucos, e desde tão cedo, me fizeram mais humana e mais sensível às dores do mundo. assumir a culpa, acima de tudo, é dolorido. às vezes me condeno por estudar tanto pra poder lutar por uma sociedade mais justa e por agora, no presente, não fazer nada de fato pra isso. só sofrer. sofrer diante da minha dor e da minha omissão... pois ainda tem essa parte difícil da história: assumir o quanto somos omissos. assumir o tudo que dizemos e o pouco que fazemos.
quanta gente passa fome, quanta gente morre pra satisfazer os prazeres políticos de homens que não sente isso que estamos falando... é um papo que parece piegas, mas é isso que é o mundo, é isso que tem no mundo do qual fazemos parte e pelo qual fazemos pouco, muito pouco. mas apesar de tudo, ainda acredito no tudo que somos capazes enquanto humanos e em como isso pode nos tocar... e talvez porque eu seja nova demais, ou talvez porque eu seja assim mesmo, não quero deixar de acreditar que devemos ser utópicos. que o que não podemos é co-existir com essa miséria humana com a naturalidade de quem nada vê - e pior, que nada tem a ver. isso é assassinar o sentido de existir, de lutar, de esperar pelo outro dia. isso é acabar com a sensibilidade, com o sonho, com os sentimentos... é acabar com o que de humano o humano tem. talvez seja essa a razão dessa coisa tão ruim que agente sente nessas horas, um despertador pra não nos deixar parar de sentir, e principalmente, que não nos deixar perder a utopia... jamais.
um beijao, com carinho.
uia tia, acho que escrevi demais. comi umas teclas no caminho, deve ter sido a pressa de me expressar. mas deu pra entender o 'homens que não sente' e o 'que agente sente nessas horas'... te adoro, querida. beijs
Quando vejo um velho rico na rua, sinto vontade de conquistá-lo, me casar com ele e fazer um bom divórcio depois.
Camila
Não escreveste demais, não!
Sinto exatamente assim! Parece tão absurdo, incompreensível e tão difícil de mudar!
É a "dor do mundo", como o Vítor disse tão bem...
Kristal!!!!
Ahhh! Velho rico é outra coisa! E teu humor sempre me faz bem!
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