23.8.06

Lembranças e bonecas

Guga, Pigue, eu e minha bonecas novas!


Quando eu era criança morei muitos anos nas Cordilheiras e, quando vinha para Lavras, ficava na casa da cidade dos meus avós maternos. Quando finalmente a casa dos meus pais acabou de ser construída, nos mudamos para lá. Como me senti feliz! A casa nova era grande, bonita, e estávamos adorando!
Num final de semana, eu, minha mãe e meus irmãos fomos para fora, para a casa do Vô Augusto, que ficava a 16 km de Lavras, e meu pai foi para as Cordilheiras.
Lembro de ver meu pai chegando, inesperadamente, e chamando a minha mãe. Conversaram sozinhos e a expressão do meu pai era estranha. Ouvi minha mãe dizer pra ele:
"- Tá todo mundo bem e é isso que importa. A casa a gente refaz, começa tudo de novo."
Soube, então, que a minha casa nova tinha pegado fogo. Queimou quase tudo, os vizinhos conseguiram entrar e salvar algumas coisas. Minhas bonecas não queimaram, mas ficaram escuras, cabelos sapecados. Minha avó Julita e outras tias me esperavam com bonecas e muitos brinquedos novos, para meus irmãos.
Nunca brinquei com as bonecas novas, porque ficava com pena de abandonar as minhas escurinhas! Mas na foto que tiramos quando voltamos pra casa, depois que ela foi reformada, são as novas que aparecem! E até hoje não entendo porque minha franja era cortada assim!

10 comentários:

Anônimo disse...

Que triste relato. É difícil abandonar um amor, mesmo sapecado. Linda a foto, aliás, achei que a franja era obra tua (risos).
Beijos, bom estar aqui.

Anônimo disse...

Ana,

gosto muito desses textos intimistas, que nos levam a outras épocas e nos fazem relembrar acontecimentos marcantes do nosso passado. Talvez a franja fosse cortada assim para realçar o lindo rostinho da menina que não desprezou as bonecas escuras e sapecadas.

Telejornalismo Fabico disse...

*

só pra te confortar.
vi várias fotos de família que as meninas têm a franja muito curta.
moda, obviamente.

preferiu as bonecas sapecadas?
freud explica.



*

Graziana Fraga dos Santos disse...

Ana,
eu ficava com pena de brincar com as bonecas novas, não queria estragá-las, pode!

Anônimo disse...

um amor de história...
E quanto a franja, acho que precisamos descobrir quem era a cabeleireira de Lavras, já que as nossas fotos tem franja assim também, quer dizer, pior, eram tortíssimas, parecia caminho de rato.
Minhas e de minhas irmãs, um horror!

Rosamaria disse...

Ana

Lembro como se fosse hoje o dia que queimou tua casa e eu vi uma boneca, a dor que senti no coração só de pensar que tu ias vê-las daquele jeito.

Pior do que franja curta, eram os "rabos de cavalo" com "pega-rapaz" que a tia Teresa me fazia. Moda em POA. O Chiquito Teixeira, do bar, não me dava sorvete quando eu aparecia lá com aquele penteado.

Que bom lembrar!

Bjããoo

Luiz Felipe Botelho disse...

Ah, Ana,
Tens cada história tão linda pra contar. Dolorida, sim, mas fico imaginando esses trânsitos por lugares com nomes poéticos como Lavras e Cordilheiras, crianças indo com os pais para lá e para cá, da casa antiga para a nova, incêndios, brinquedos queimados. Tem as dores, tem as alegrias e uma tremenda poesia!!! Ufa!
E ainda tem as mães brincando de boneca com os filhos!
Estranhou a franja, né? Normal. É como a maioria comentou, não tem como escapar: toda criança tem alguma foto com cabelo micado. No meu caso era uma moda milico de raspar a cabeça a zero e só deixar um pouco mais na parte de cima. Mas era uma coisa meio disforme, feito preá que passou no liquidificador. Ficava o cão. Lembra do cabelo de Ronaldinho na copa de 2002? Era aquilo ali, só que era no topo da cabeça toda. Meu álbum ficou no Recife, senão eu postava aqui pr'ocê ver.
Beijo

Tania Velázquez disse...

Temos mais coisas em comum: incêndio em casa. A minha não chegou a tanto, porque a população ajudou a tirar todas as coisas da casa, inclusive geladeira (enorme) e piano. Claro que livros e roupas se perderam, foram roubados e deve ter alguém com livros dos Velázquez por aí, porque eram da minha mãe, quando menina. Livros lindos com folhas lustrosas e grossas e desenhos maravilhosos. Acho que eram livros portugueses.

Outra coisa: a franja era porque Audrey Hepburn, a superstar do momento era muito elegante e seu cabelo foi cortado assim para o filme " Cinderela em Paris".

A minha irmã diz que não sabe como a franja dela era torta mas eu sei: ou eu era a cabeleireira - porque adorava brincar disso - ou ela não parava quieta na cadeira da cabeleireira do momento, que não lembro quem era, mas morava na casa onde mora a Eliana, hoje.

E agora, kerida...vou fazer as minhas 8 incumbências pro teu blog, fazer o que?
Vou ter que pensar um pouco, porque senão passam de 8, tenho certeza...

Tahthya disse...

Onde era a casa de vocês, que incendiou? Aquela ao lado do clube? Em que ano foi isso?

Ana disse...

Não. A casa, ao lado do Clube era dos meus avós.
A que incendiou foi a dos meus pais, que tinha acabado de ser construída.
Não lembro exatamente, mas foi nos anos 60.

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