22.4.06

TPM

Quem explica? Quem consegue definir?
De repente o mundo desaba! Tudo fica sem solução, complicado demais, injusto demais, definitivamente insuportável! Vontade de chorar, vontade de ficar sozinha. Vontade de colo, de abraço, de carinho. Sensação de "ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor"...
Não há como fugir dos próprio sentimentos, das próprias sensações... Nó na garganta, sensibilidade a flor da pele. Saudade sei lá do quê! Vontade difusa. Necessidade urgente de alguma coisa que não sei definir! Ai, que pena de mim!!! Minha cara tá horrível, minha pele com espinhas, meus seios dóem demais, barriga inchadaaaaa... Preciso de uma dieta.... Quero chocolateeeee!!!!!
Nada faz sentido, nada tem graça, as pessoas são patéticas, a programação da televisão é ridícula, pára tudo que eu quero descer!
Me odeio, não me suporto, enjoei de mim! Quero mudar tudo mas nem sei por onde começar! Acho que vou pintar os cabelos! Se sobrar algum!
O nó na garaganta continua, mas agora agravado pelos dentes serrados, raiva do mundo! Dor nas costas, tudo pesa demais!
Ah, meu Deus! Tô com cólicaaaaa!!
Cólica?
...
Então é isto??
Uma tepeemezinha à toa, mensal, pontual, pessoal e intransferível?
...
Sensação de ridículo. (O primeiro sintoma de que a TPM tá indo embora...)
Culpa! (Sinal de que ainda ela anda por aqui!!)
Como pude me sentir assim?? (Ihhhh!! Vai recomeçar??)
E chego a conclusão de que a TPM é mesmo avassaladora. E que a menstruação é purificadora! Leva junto todas estas sensações que nos fazem mergulhar no que há de mais verdadeiro, sem dó nem piedade. É quando nos vemos sem ilusões. Absolutamente frágeis, sós, desamparadas diante do grande mistério do que é ser mulher. Bicho esquisito, que todo mês sangra! E que dá choque, como cantou Rita Lee! Bicho, antes de tudo. Lunar, natureza pura, por mais que tentemos racionalizar, decodificar, desconstruir, sublimar o que temos de instintinvo, de visceral, de animal, mesmo!
Aí vem a TPM e nos joga contra a parede! Nos acua! Nos faz parar. Sair do mundo e mergulhar em nossas dores. Elas existem e precisam ser encaradas. Não o tempo todo, mas precisam ser encaradas. Enfrentadas. Digeridas, entendidas, vivenciadas, assimiladas... Porque temos o resto do mês pra tirar tudo de letra, resolver todas as coisas, tocar a vida... Mas apenas estes dias de TPM pra cuidarmos de nossas feridas, em recolhimento egocêntrico, egoísta e, muitas vezes, infantil e exagerado!
Até que vem a menstruação... Alívio... Bênção... Purificação. Aceitação do que temos mais feminino: nosso corpo e nossa emoção.


(Ainda ouvindo Você Pediu e Eu Já Vou Daqui!
I
sto é sintomático!! Nestes dias sempre ouço muitas vezes a mesma música...)

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o que li!
Ainda bem que eu não tenho mais essas coisas incomodativas. Na nossa família tudo foi precoce.
Bjus

Anônimo disse...

Ana,

Nessas horas (em no resto também... hehehe... cretino eu!) é que dou graças a deus de ser homem!

Vejo seu relato... lembro-me de nossa conversa quando você estava entrando na fase do "ridícula"... vejo você, vejo a Iara (que acabou de largar o TP e também entrou no M)... vejo todas as mulheres que cercaram minha vida: mãe, irmã, tia, amigas, namoradas, a primeira esposa... Olha, fico cansado por vocês todas! Não é que as dores com dias marcados no calendário seriam o fim do mundo, mas encarar todo mês este drama psicológico... que pregui...

Valentes, vocês!

Beijo,

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