"DNA Farroupilha"

Muy Longa
Leonardo Bulcão

Eu sou o ginete xucro, Milonga
Sou o bagual e o aporreado, e o rodeio.
Sou o arreio e o lombo, Milonga.
Sou o estouro do tombo.

Eu sou o berro de touro, Milonga
Eu sou a marca do ferro no couro.
Sou o sangue que brota, Milonga,
do umbigo no nascedouro.

Eu sou a noite gelada, muy longa.
Sou a geada no campo branqueando.
Sou o frio da serra, milonga.
Eu sou o velho minuano.

Sou gaita de oito soco gemendo.
Sou violão missioneiro ponteando.
Sou o bumbo legueiro, Milonga.
O timbre do guitarreiro.

Eu sou a cuia, a chaleira e a bomba.
A erva, o fogo, e a água chiando.
Eu sou a boca e alma, Milonga.
Eu sou o mate roncando.

Eu sou Cascudo, Joana e Cará.
Sou Lambari e Tambica, milonga.
Sou Pintado, Traíra e Jundiá.
Sou o arroio e a sanga.

Sou Carqueja e Xirca e Pitanga.
Sou Japecanga e Tuna e butiá.
Caraguatá, Guajuvira e Figueira.
Eu sou o verde da Pampa.

Sou o Sorro a Lebre e Guará
Jaguatirica, Cachorro e Tatu.
Sou o corvo, Carancho e Coruja.
Sou o gritedo dos bichos.

Eu sou o Zaino o Tubiano e o Lobuno.
Sou o Gatiado o Baio e o Tordilho.
Soi o cuiudo e a égua, Milonga.
Sou o matungo e potrilho.

Sou guaiaca e lenço e adaga
Garrão de potro e relho e espora.
Sou tirador e o laço, Milonga.
Sou o braço e a força.

Sou Charrua gritando, Milonga.
Sou a lança de Sepé, zunindo.
Sou Guarani, Ibagé, peleando.
Sou Caingangue, sou Índio.

Sou Vô Léo e Vó Leda, Milonga.
Sou Vô Luy e Vó Alda, Milonga.
Sou meu pai, minha mãe, minha filha.
DNA Farroupilha..

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Fotos de Eduardo Amorim