Ricardo Haas
Como as pedras da mangueira, me plantei nesta querência
Pois bebi da verde essência, na cuia de chimarrão
Fogoneando num galpão, acomodei minha alma
E quem mateia com calma, do campo sabe a razão
As tropas se vão no maio, levando parte de mim
Desde sempre foi assim, cuidando entoure e aparte
Para depois no descarte, separar o melhor lote
E garantir o engorde de outra tropa pra o abate
No chão verde que eu piso, o verão dá, o inverno tira
Por isso que quem atina e maneja bem o gado
Banhado e bem dosado, conhece o oficio campeiro
E ao partejar um terneiro, lida com todo o cuidado
E na doma de um potro, com o bocal bem apertado
Antigo rito sagrado, de se montar bem cedito
E sair ao campo solito, pisando rastro e sereno
Montando num pingo bueno, andando bem ao tranquito
E assim quem é do campo, conhece bem a razão
De lidar com a criação, madrugar e encilhar
Que o oficio de camperear, é certo que tá no sangue
De quem se faz Rio Grande depois do dia clarear.
Fotos Nina Boeira / Lavras do Sul
Nenhum comentário:
Postar um comentário