Um belo dia percebi que minha juventude oficial, aquela, do calendário, tinha ido embora. Nem sei se levei um susto ou se senti alívio, ao perceber que me sentia igual - ou melhor, que aos 18, apesar da minha idade cronológica teimar em demonstrar o contrário.
Claro que me olho no espelho e vejo minhas rugas. Claro que tenho consciência de cada sinal físico da passagem do tempo. Mas, repito, ainda me sinto igual! E adoro quando encontro alguém que se sente como eu!
"A vida é um suspiro. Parece que foi ontem que aprendi a juntar as sílabas e ler as primeiras palavras. Uva. Uva foi a primeira palavra que li. A segunda foi Ana. Palavras fáceis. Aquele tempo passou. As rugas já estão aqui e esse é o sinal dos tempos - dos tantos tempos que passaram. E nesse hiato que é a vida de cada um de nós, há um coração que bate, nos anunciando a cada segundo que ainda há tempo. E enquanto o meu coração pulsa, eu quero o inesperado, a rotina, a despedida, os reencontros, o conhecimento, eu quero chegar em casa no final do dia. Da vida, eu quero os amigos, os amores, as paixões e a câmera fotográfica na mão. Quero da vida as coisas simples da vida. Café preto em boa companhia, chá quente na cama, meus livros e silêncio. Quero as minhas extravagâncias, os meus luxos de mulher, minhas unhas coloridas, sexo, Klimt e Kirchner na parede da minha sala. A vida é um piscar de olhos. Estes mesmos olhos que ainda verão pela primeira vez na vida algumas coisas, alguns lugares e também os olhos das pessoas que eu conhecer. Tudo isso em um segundo, e eu ainda preciso de tempo para ir até Marrocos pura e exclusivamente para comer e fotografar. A vida é tão rápida, um flash. A vida se refaz a todo instante. A vida é apenas um instante. Ou pode ser tudo isso."
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