10.11.12

"A traição ao amor"




"Relacionamentos adultos saudáveis baseiam-se em liberdade e igualdade.

Liberdade denota o direito de expressar livremente os próprios desejos e necessidades; igualdade significa que cada pessoa está no relacionamento por si mesma, e não para servir ao outro. Se a pessoa não consegue falar abertamente, não é livre; se tem de servir a uma outra, não é igual. 

Mas muitas pessoas não sentem que tenham esses direitos. Quando crianças, foram recriminadas por exigir a satisfação de seus desejos e necessidades; foram rotuladas de egoístas e insensíveis. E foram levadas a sentir-se culpadas por colocar seus desejos acima daqueles dos pais.

Quase todos os relacionamentos começam com indivíduos sendo atraídos um ao outro por sentimentos positivos e prazer. Infelizmente, é raro que essas coisas continuem a crescer e aprofundar-se com o passar dos anos. 

O prazer desaparece, os sentimentos positivos tornam-se negativos e o ressentimento aumenta porque, sem o sentimento de ser livre e igual, o indivíduo sente-se insatisfeito e aprisionado. A raiva reprimida é atuada de uma forma ou de outra - seja psicológica ou fisicamente - e o relacionamento está falido. 

Nesse ponto, o casal pode romper ou procurar aconselhamento num esforço para resgatar os bons sentimentos que um dia tiveram um pelo outro. Não tenho visto muitos casos em que o aconselhamento seja eficaz. A maioria dos profissionais tem como objetivo ajudar os indivíduos a compreender um ao outro e fazer um esforço maior para ficaram bem juntos, mas na realidade isso apóia a atitude neurótica de empenhar-se. 

Nenhum empenho torna alguém mais amoroso ou digno de amor. Nenhum empenho produz prazer ou alegria. O amor é uma qualidade de ser - de ser aberto - e não de fazer. 

Podemos ganhar uma recompensa pelo empenho, mas o amor não é uma recompensa. É a excitação e o prazer que duas pessoas encontram uma com a outra quando se entregam à atração que há entre elas. 

Posto que todos os relacionamentos amorosos começam com uma entrega, o seu fracasso em prosseguir decorre do fato de que a entrega era condicional, e não total, e era à outra pessoa, não a si mesma.

É condicional do que a outra pessoa satisfaça as suas necessidades e não representa uma partilha plena de si mesma. Uma parte disso fica retida, escondida, negada por causa de culpa, vergonha ou medo. Essa parte retida, raiva e ódio, é como um tumor no relacionamento, e o corrói lentamente. A tarefa terapêutica é remover o tumor."

Alegria - Alexander Lowen / Daqui.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails