6.6.08

Tão bom de ler!

Sem título
"Eles estavam no carro para aproveitarem mais um tempinho juntos. Estavam se conhecendo. Tinham acabado de assistir juntos a um jogo de futebol. Ela disse-lhe que o mundo era louco. Ele disse-lhe que o mundo era bom demais. E o silêncio estabeleceu-se entre eles. Mas não importunava-os. Batucaram baixinho. Entre por essa porta agora e diga que me adora. Entreolharam-se. Estavam apaixonados. Os olhos tinham um brilho intenso. O silêncio tinha vozes. Você tem meia hora pra mudar a minha vida. Olharam juntos o céu estrelado. Um beijo para selar aquele momento. Agora vem pra perto vem, vem depressa vem sem fim, dentro de mim, que eu quero sentir o teu corpo pesando sobre o meu, vem meu amor vem pra mim, me abraça devagar, me beija e me faz esquecer.
Eles olharam o relógio ao mesmo tempo. Relembraram todo o final de semana juntos. Havia passado rápido demais. Riram. Era hora de ele partir. Mas voltariam. Porque eles queriam. Porque eles tinham o que acrescentar um na vida do outro. Porque eles mereciam. Porque eles estavam apaixonados. Porque eles eram loucos. Porque eles amavam a vida. Porque eles eram felizes demais, juntos e separados."




EU + EU = NÓS ?
"Ela chegou ao destino pré-marcado. O seu eu encontrou o eu dele e ambos viraram o nós. Ele expôs seus devaneios. Ela expôs os seus. E o nós expôs os devaneios de ambos. Uma luz se acendeu e com uma lupa o nós pôde ver os mínimos detalhes, mas nem tão mínimos assim. E o descobrir de detalhes promoveu sensações de esquentamento do corpo, seguido de taquicardia, acompanhada de dispnéia e momentos intensos ofegantes, o que os levavam a estados variados de fantasia e êxtase. Ainda não tinham coragem de consumar o ato sexual, que no meio de tanta emoção seria apenas mais um complemento dentro de tantos outros complementos tão mais diferentes e importantes que ambos já viveram. Sabiam o que queriam, mas não sabiam como realizar. Após o intenso passeio ele convidou-a para subir para ambos tomarem chimarrão. E mais conversas e revelações tiveram entre beijos, abraços e carícias. A temperatura elevava-se como se um fogo tomasse conta do interior de cada um. O nós incendiou-se. Palpitações de ambos os eus eram sentidas pelo nós. Agora não só causado pelos longos papos. Agora causado também pelo contato físico. Indescritível era a palavra. E o nós, antes não muito valorizado por ambos os eus, surpreendentemente proporcionava a eles momentos densos, de gozo conjunto e intenso. Recompunham-se em busca da calma e do equilíbrio. Ambos assustados com o poder do nós caíam novamente nas armadilhas inesperadas do destino, com muito prazer."



Desencontros
"Eles se conheceram há uns seis anos. Ele já estudava para passar no vestibular para medicina há pouco tempo. Ela já estudava com o mesmo objetivo há um pouco mais de tempo. Ele deixava-a irritada por tamanha prepotência. Ela causava-lhe um sentimento inexplicável. Ela mudou de sala para que ele não mais a irritasse. Ambos não foram aprovados naquele ano.
Por ironia do destino, tornaram-se colegas novamente. E a convivência fez com nascesse um relacionamento entre os dois. Mas ela namorava outro que muito se fez ausente. Ele sempre presente. Completavam-se. Estudaram juntos para obterem o sucesso juntos. Ela passou numa federal. Ele passou em uma particular. Ela na cidade deles. Ele numa distante. Para muitos o sentimento acabou. Para eles, um caso mal resolvido? Um final de oportunidade desperdiçada? Ou simplesmente, o que tinha que acontecer naquele momento.
Mais alguns anos se passaram. Ele lá, ela cá. E encontros nunca marcados aconteciam. E os olhares se entreolhavam e havia um brilho intenso entre eles. De repente esqueciam-se das pessoas ao redor e por alguns instantes somente os dois existiam. Ela resistia e dizia adeus. Ele respeitava o seu adeus e também se distanciava. Talvez não estivessem prontos para serem felizes juntos. Entretanto, o primeiro pensamento do dia dela era nele e o dele, nela. E a vontade de ficarem juntos sempre presente. E novamente os encontros nunca agendados aconteciam. E ela resolveu tentar. Ele se assustou. Temeu a possibilidade de ser feliz. E ela estava perto, bem perto dele. Estava na hora de eles perdoarem-se por terem deixado de viver aquela paixão. Mas o que acontecia quando se encontravam eram trocas de abraços, sorrisos, carinho nos cabelos e poucas palavras. Agora quem dava adeus era ele. Ela não queria respeitar esse adeus porque sabia que ele queria ser dela. Ele colocava empecilhos. Ela tentava contorná-los. Agora era a vez dele não querer. Agora era a vez de ela ter que esperar o momento dele. E de novo eles se desencontravam... sempre encontrados um no outro."

Da Clarisse Milano. Delícia de blog!

4 comentários:

isa disse...

ana, que textos lindos!
esta clarisse é uma mimosa, um encanto, uma escritora de sensibilidade refinada.
adoro ler o que ela escreve!
que bom que voces se encontraram neste mundo virtual!
agora temos que marcar um encontro no mundo real tambem!
beijos!

Anônimo disse...

Ana! estou eu aqui rindo esorrindo! Realmente gosto muito de textos q expressam relacionamentos, selecionaste alguns dos quais mais gosto! Obrigada por divulga-los aqui! Estou feliz! Bjão!

Anônimo disse...

Isa! foste o elo de ligação entre o meu blog e o da Ana! Agradeço-te muuuiito! E vamos combinar, sim, um encontro "on life"! Bjos para as 2!!!

Rosamaria disse...

Adorei os textos! Realmente, o blog da Clarisse é uma delícia!

Bjim pras duas.

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