"Partir é inevitável.
Um dia abandonaremos o conhecido, seja impulsionados por insatisfação, necessidade ou desejo. Em algum momento chegará o fim da inocência escolar, da proteção da casa dos pais, do conforto de um abraço, do calor de um beijo, de um casamento falido, do emprego insatisfatório, da vida. Querendo ou não, partiremos. É a única certeza verdadeira. A grande certeza.
Partir é essencial. Por mais que tenhamos consciência do que, de quem, nos cerca, os fatos, detalhes ínfimos e tão importantes, pessoas, lugares, cheiros, músicas, só se tornam especiais ao virarem história; a velha mania tão humana de valorizar apenas o perdido. Ou o vivido.
Partir é a coragem de abandonar o mapeado e rumar para o incógnito, sem trilha marcada nem estrada pavimentada. É curtir o nó no estômago diante no novo, essa paisagem tão bela e pouco apreciada.
Partir nos faz mais fortes, curiosos, atentos. Atiça os sentidos. Ficamos menos dependentes e nos livramos dos grilhões (para alguns, confortadores) do familiar. Partir causa movimento porque, assim como água parada apodrece, nós corremos o risco de virar rascunhos de nós mesmos ao acostumar com a estagnação. Nada é mais perigoso do que ficarmos satisfeitos com o medíocre.
Partir pode doer para quem fica, mas não mata. Ao contrário, cria infinitas e novas possibilidades de histórias a serem desenhadas com quaisquer cores (ou ausência delas para os mais melancólicos) numa folha em branco. Num futuro todo. Numa existência plena.
Viva cada história até o último detalhe, tome até a última gota de todos seus momentos porque não há nada mais reles do que abandonar a vida por covardia, esconder-se dela detrás de falsos motivos. Não há nada mais deprimente do que alguém que finge partir quando, na verdade, está fugindo. Furtar-se a viver plenamente com toda a dor, alegria, tristeza, desamores e paixões é o mesmo que não ter nascido. Mas vá, se sentir que precisa ir. Vá, se o que o move é impossível de domar. Não deixe o medo paralisá-lo. Ignore os que não entendem, criticam, alertam, amedrontam porque esses, enquanto você segue seu faro, escrutina o desconhecido, permanecerão no mesmíssimo lugar. Criarão musgo, não sairão do decadente quarteirão da resignação—e isso sim é assustador." (Ailin Aleixo)
Feliz Aniversário, Clarice! E "uma existência plena!"
Beijos no Zezinho e Eduardo (Fiquei "devendo" as fotos deles!)
5 comentários:
Ana é uma honra ser citada no teu blog! Fico muito feliz!E saber que de alguma maneira você aprendeu alguma coisa comigo... me deixa mais feliz ainda!!!!!
Como diz o texto: "partir é essencial", e eu sabia que mais cedo ou mais tarde a Bibiana e a Mariana partiriam.... é doido? É.. E muito... mas fizemos duas lindas borboletas com asas que lhes dessem suporte para alçarem o vôo da suas vidas e achassem o seu rumo.Apesar da nossa saudades, da falta delas no "nosso aconchego", estamos felizes porque elas foram em busca de seus sonhos.
E quanto a mim... sou uma típica ariana, apaixonada pela vida,ousada, metida e muitas vezes incoerente com minhas próprias coerências.
Obrigada!
Que sintonia, Ana! Essa coisa de partida, de se aventurar no desconhecido anda muito presente na minha vida tb ultimamente. Lindo texto da Ailin Aleixo. E vamos nos comovendo, co-movendo.
Bjão,
Anabel
Anabacana!
Como sempre arrasaste na homenagem muito merecida à Clarice!
Casa nova e linda! Parabéns!
Bjão pras duas queridas.
Ana,
belíssimas fotos!
Feliz aniversário, Clarice!
E viva a Sabedoria de Fazer Escolhas.
Mais abraços, flores e estrelas..
Ana,
amei esse texto, lindo!
Vou citá-lo no meu blog.
Beijos e bom feriado
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