5.1.08

Mudar ou não mudar?

Andei lendo algumas coisinhas...

"O ser humano perdeu sua intimidade e, por esta via, lança-se, de forma paulatina e crescente, à incorporação de modos de vida de tipo coletivo, nos quais as suas reações, suas atitudes, seu pensamento, vão dependendo de todo o pessoal, de todo o íntimo e secreto para responder cada vez mais às atitudes, às idéias que poderíamos chamar, utilizando uma terminologia industrial, de "standartizadas". Por esse motivo, a estrutura de nossa época impede superlativamente o ser humano de viver como pessoa." (Ortega Y Gasset)

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"Somos urdidos mais por regularidades do que por irrompimentos. Acordamos todo dia na mesma hora, voltamos pra casa pelo mesmo caminho, começamos a escovar os dentes pelo mesmo lado, repetimos as mesmas marcações. Até que um dia simplesmente mudamos. Ou porque desconectamos da mesmice, ou porque descobrimos uma nova maneira de agir. E quando essa ruptura ganha corpo, duas questões se colocam: quem é esse eu desconhecido que ousa quebrar a rotina do já-sabido? Quem é esse ex-conhecido que causa estranhamento por reagir de forma diversa ao esperado?
Certezas imutáveis podem ser tão enganadoras quanto mentiras. A repetição mecânica esvazia a verdade que as torna vivas. São como fotos que amarelecem com o tempo contando sempre a mesma história. Há certezas que precisam ser destruídas para formar verdades mais coerentes. Mesmo que seja um processo frankensteinsiano, em que partes do todo são costuradas com fragmentos de vida e átimos de tempo." (Sean Hagen)

Mudanças com hora marcada têm gosto de plástico.
Tenho experimentado pequenos conflitos diários, desses que a gente quer se livrar a todo custo, porque perturbam a linearidade de um pensamento que, há muito, estava acostumado a se camuflar em subterfúgios. Aos poucos, descobri que são eles, esses pequenos conflitos diários, que promovem o meu mudar. São eles que me fazem perceber. E perceber aqui, é verbo intransitivo.Essa é uma das magias do viver cotidiano, a percepção de como, passo a passo, nos transformamos.
E não, não é fácil. Viver tem um preço. Às vezes é preciso força para fazer valer o que se paga.
Mudar não acontece em um átimo. É processo. E cada tem o seu. Uns vão mais rápido que outros. Alguns estacionam porque se cansam fácil. E existem aqueles que nem tentam, porque se acostumaram ao determinismo de uma vida inventada.
Hoje não acho, realmente, que o réveillon seja apenas mais uma passagem, uma festa para rasgar calendários. É, sim, mais um dos muitos rituais que permeiam nossas vidas. Compreendi que nem sempre o que vale para uns, é igualmente importante para outros. E que não adianta marcar dia e hora para mudar. Porque não acontece assim. O processo é quase imperceptível e, algumas vezes, até mesmo doloroso. Mas, um dia, de repente, nos deparamos com a beleza mágica de um salto quântico. Tudo muda e esquecemos que para isso, foi preciso viver a normalidade dos dias fáceis e o pesar das horas difíceis. (Lidiane)

É por isso que me sinto incomodada quando estou fora do padrão? Quando destôo? Me diferencio?
Tanto esforço em me entender e me aceitar... Tanta resistência em mudar...
Ser diferente, ser igual, ser mutante, "metamorfose ambulante"... A delícia e a dor de ser como somos... Tantas informações, contradições, intenções... (E más intenções... Heheheheh!)
Me debato em dúvidas e a idade não ajuda muito, na medida em que não traz certezas, por si só!
Em 2008 vou fazer 50 anos! E isso me surpreende de um jeito que acho que devo ser uma pessoa alienada, delirante ou coisa assim...
O que me resta é viver um dia de cada vez e é impressionante como a vida pode surpreender! Ela se encarrega das mudanças, na maior parte das vezes! A gente vai se adaptando, tentando acompanhar o rítmo, não ficar paralisada ou presa a padrões de comportamento...
Me recuso a parar no tempo! Quero mais é encarar 2008 e tudo o que me espera! (De dedos cruzados, claro!)
O bom é que cada vez nos preocupamos menos com o que os outros pensam... E aprendemos mais com tudo a nossa volta!

2 comentários:

Rosamaria disse...

Não é fácil, Ana, só as guerreiras como tu conseguem!

Bjão.

Ana disse...

Nem se sou guerreira, Rosinha! Só sei que não consigo mais ficar indefinidamente numa situação que não me deixa feliz! Se tiver uma opção, uma saída, uma escolha, é pra lá que eu vou!!
Beijos, Querida!

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