21.8.06

Ferro "véio" de engomar!

Recebi do Guto esta foto do Ceceu (velho peão de estância que trabalhou com a minha família) e uns versos que ele costumava declamar:

Sou Cândido "Arceu! de Lima
Ferro "véio" de engomar
Te dou um chute pra cima
E um prazo pra ti voltar!

O povo vai dar risada
Do susto que eu vou te dar
"Amunto" na tua cacunda
Faço casa pra morar

E faço um salão de baile
Pra vorta e meia eu dançar
Sou Cândido "Arceu" de Lima
Ferro "véio" de engomar!"





Também recebi o seguinte email do Júlio (meu primo - na casa de quem o Ceceu também costumava passar temporadas):

"Realmente teu blog é bem variado e inspirado. Pois foste lembrar do Ceceu! E por aqui lembrei algumas histórias dele:

1) Uma vez ganhei uma égua tordilha da Vó Julita. A dita cuja se chamava Genoveva e tinha nascido perto da tapera onde nasceu o Plácido de Castro (conquistador do Acre) no campo que hoje é do Tio Milton. Por um longo tempo esperei que chegasse no Sobrado (onde eu morava). O encarregado pelo transporte da mesma era o Ceceu. Eu como guri andava sempre cobrando: Quando é que vem a minha égua? e nada do Ceceu dar jeito. Eu encontrava com êle e cobrava, e nada... Depois de um tempo, que me pareceu uma eternidade, apareceu o Ceceu e a Genoveva no Sobrado. Uma semana depois, sem que eu tivesse montado nela, caiu um raio e a matou! Isto que no Sobrado deveria ter mais de cem cavalos! Até hoje eu sei exatamente o lugar que morreu toda a minha tropilha de então...


2) Outra história: Noite no galpão da Guajuvira. Anos 60 - 70. Lamparina de querosene - lusco-fusco. O Ceceu chegou borracho e estava de centro das atenções contando uma história muito interessante e engraçada. Eu com um gravador a pilha que era o máximo de tecnologia da época gravando tudo. Êle terminou a história e rebobinei a fita e coloquei a tocar. Silêncio no galpão, ninguém se via muito claramente, começa o gravador a falar. Depois de um tempo o Ceceu soltou uma gargalhada e disse: "Bobalhão, acabei de contar esta história!"

3) Parque de Exposições de São Gabriel, véspera do vinte de Setembro. O Ceceu de "lã molhada" e a turma pegando do pé dele. Ele embrabeceu e veio para o meu lado dizendo: Não quero mais assunto com vocês, só vou conversar com o Doutor!

4) Sabias que ele chamava todo mundo de tu - Donairo, Milton e Beto. A única que ele chamava de "Dona" era a mãe? Quando ele estava ruinzinho para morrer, delirava que estava recebendo ordens do Vô Valério, para tropear, juntar e curar o gado. Como se voltasse a virar novo e peão do patrão do qual ele se dizia filho!

5) Banho de "cruzadinha" é simples: Liga o chuveiro e dá uma cruzadinha por baixo suficiente para molhar o corpo. Ensaboa todo o corpo. Outra cruzadinha e tira todo o sabão. E fim do banho. O Pai tem um nome interessante para este tipo de banho rápido: É o CARAPÉCU, banho em que segundo ele, lava-se a cara, o pé e outras partes do corpo!! Como teu blog é sério e avesso a bagaceirices resolvi te mandar esta história via e-mail."


Pra provar que este blog nem é "sério nem avesso a bagaceirices", publiquei tudinho (devidamente autorizada)!
Obrigada Guto e Júlio!
Me senti sentada na beira do fogo no galpão, ouvindo velhas e boas histórias! Saudade de tanta gente...

3 comentários:

Anônimo disse...

aquela do Ceceu dizendo que já tinha contado a história (gravador) é o máximo!

Tania Velázquez disse...

Adoro essas estórias de galpão. Nós também tínhamos coisas pra contar, lá na casa do Sr João Souza, quando íamos passar as férias. Que tempinho bom!

Acho que contei muita coisa no meu blog, mas ele foi deletado e pensei que tinha arquivos guardados, mas não tenho. O pc foi formatado e perdi tudo. Pena. Você iria gostar das histórias...

E tenho a impressão de que já conhecia essa do Ceceu. Acho que essa era famosa lá pelas bandas de Lavras. Mas também...que figura, não?
Não tem figura mais engraçada que gaúcho "de lã molhada", ou como falam por aqui - cozido.
O gaúcho tem uns termos que ficam pitorescos e não tem como não rir...
Aqui, bebum não tem graça nenhuma. Por que será não é? Gaúcho tem estirpe até quando está de manguaça.

Anônimo disse...

q beleza!!..as histórias do Júlio são muito boas...boas lembranças do "ferro véio de engomááá"...bjo!!!

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