12.4.06

Férias da Secreta

Lar Doce Lar

Digamos que eu nunca tenha feito nenhum tipo de trabalho doméstico até me casar. Recebia tudo pronto, café quentinho, cama arrumada, roupa cheirosa... Tanta mordomia! E, devo declarar, sempre vinda com muito carinho! Saudades da Teresa! Quando eu nasci ela já trabalhava na minha casa e eu tive "babá" até me formar, porque ela foi morar comigo em Santa Maria! Foi nessa época que ficamos viciadas nos doces da Copacabana! E em caipirinha! Mas isso já é outra história!
Depois que casei descobri duas coisas básicas:
1ª) Não gosto do trabalho doméstico. É repetitivo e sem graça!
2ª) Gosto menos ainda de casa bagunçada!
Acabei virando uma chata! Com mania de limpeza e muuuuito chata! Mesmo assim, sempre achei que crianças precisam "brincar", antes de qualquer coisa! Então dei muita liberdade e muito espaço para as brincadeiras! Acho que fiz a coisa certa, porque meus filhos prolongaram a sua infância, brincaram muito, eram criativos, inventavam coisas... Tudo era permitido, desde que com bom senso! Às vezes tinha ímpetos de amordaçá-los e amarrá-los mas pensava nos custos de uma terapia quando virassem adultos problemáticos e reprimidos e desistia da idéia.
Com a adolescência deles, achei que precisava mudar. Eles começaram a invadir a cozinha, fazer pipocas, vitaminas, bolos e a receber amigos... Achei que já sabiam o suficiente de limpeza e organização e parei de fiscalizar! Liberei geral! Minha casa virou um ponto de encontro, música, videokê, violão... Um grande entra e sai... Nessa época fiquei imbatível no videokê! Ninguém tirava notas melhores do que as minhas! Minha melhor performance era em "Tiro ao Álvaro", do Adoniran Barbosa.
Sempre tive sorte com as minhas secretas!(É! "Secretas": não chegam a ser secretárias e têm lá seus mistérios!) Elas duram muito, aqui em casa. E quando vão embora é por uma boa causa: um trabalho melhor, porque conseguiram se formar, casamento, mudança de cidade... A última que foi embora, a Nice, sempre me liga - à cobrar - pra desejar Feliz Natal, por exemplo!
Agora, nesse exato momento, a Cláudia, minha secreta tá de férias. Estou aqui ouvindo o barulho da máquina de lavar roupas e vivendo umas sérias questões existenciais:
- Quem foi que inventou o pó?!
- Que idéia é essa de que roupa precisa ser passada?!
- Lixo: de onde sai tanto?!
- Revistas, livros e casacos tem vida própria?! Saem do lugar sozinhos?!
- Porque todos os copos vêm parar na sala?
"Ser ou não ser?" Isso não é nada, comparado a uma geladeira a ser abastecida, uma casa a ser faxinada e uma montanha de roupas esperando para serem passadas!
Não chego a perder o bom humor! Me pego cantarolando coisas como "lavar roupa todo dia, que agonia..." Ou "todo o dia ela faz tudo sempre igual"... Ou "assassinaram o camarão"!! Óh, céus! Estarei euzinha com idéias assassinas?!
Fico pensando como era muito mais difícil antigamente... Minha avó criou oito filhos sem fraldas descartáveis, sem microondas (nem fogão à gás), sem lavadora de roupas... E, que eu saiba, sem um bom hidratante para passar nas mãos! Uma heroína, ela!
Tenho a certeza que a minha loucura está se agravando quando me sinto feliz pelo simples fato de estar com as camas estendidas, os banheiros limpos e a cozinha sem louça na pia! Isso lá é conceito de felicidade?!Tem alguma coisa estranha nisso tudo!
E continuo cantando...
"Até sonhar de madrugada, uma moça sem mancada, uma mulher não deve vacilar..."
.

Volta, Cláudiaaaaa!!

5 comentários:

Anônimo disse...

é tia... eu sei bem oq é este problema com relação a limpeza... meu sistema operacional interno é completamente incompativel com o sistema operacional da cozinha... Quando eu morava em lavras, minha toalha de banho saia do banheiro e aparecia estendida no varal... agora já tentei até adestrar ela mas não adianta, se eu não levar ela, ela nem se mexe... não se fazem mais toalhas como antigamente...

Outra coisa que não consigo entender é pq tem que arrumar cama, se de noite vamos bagunçar tudo de novo? não entendo isso... acho uma tremenda falta de tempo que poderia ser usada em coisas bem mais importantes como sentar em frente a tv e ficar o resto do dia assistindo filme...

Lá em Lavras a mãe tem mania de arrumar a casa no sábado... po!! se Deus descansou no domingo e somos teoricamente inferiores a ele, temos que desistir no sábado po! mas a mãe insiste em ligar aspirador, caminhar pra baixo e pra cima, sempre conversando com alguém. Já percebeu que sempre que a gente ta com sono, tem gente conversando no corredor? é impressionante...

Mas a gente vai vivendo... as vezes com muita, as vezes com pouca bagunça... o importante é não perder o bom humor hehehe

beijão

Anônimo disse...

Que manha é esta, Ana?? E olhe que você não tem um "Valadão", hein?! ;)

Anônimo disse...

gostei muito de ler essa tua crônica.
Eu fazia tudo isso quanto não tinha empregada.
Eu disse fazia!!!
Agora, não tenho empregada, só diarista, mas deixo quase toda a bagunça prá ela arrumar.
Como fica tudo? Podes imaginar, mas tô pouco me lixando.É,lixando,essa palavra lembra muito como fica por aqui: um lixo!

Daniela Rey Silva disse...

Maravilha de texto... até fiquei com vontade de contar minha relação com os trabalhos domésticos também... Vou tentar escrever hoje. Bjs

Thelma disse...

Tadinha!!!! Vai passar! Acredita!! A Cláudia já vai voltar. Adorei o primeiro comentário, o do teu sobrinho. A toalha dele ia sozinha para o varal....rsss...

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