24.7.13

Exposição

"A partilha pública de sentimentos é um comportamento adolescente, movido por sentimentos adolescentes. Mas as redes sociais nos reduziram a isso, não foi? Viramos adolescentes fofoqueiros e exibidos de diferentes idades. A vida de cada um de nós tornou-se uma ópera encenada online com 24 horas de riso, fotos bem editadas, certo drama e alguma autopiedade."
...
"Se a ordem é escancarar publicamente a própria vida, se essa orgia de revelações é realmente irreversível, prefiro quem faça isso com graça e autoironia."

Sempre bom ler a coluna do Ivan Martins, na Revista Época.

Colagem em foto tirada pelo Henrique.

Já faz tempo que parei de me questionar sobre expor ou não, minha vida aqui, no blog.
Conto algumas coisas, outras não. 
Publico fotografias, faço confidências, me divirto compartilhando textos e links interessantes. 
É isso. Acho que não tem mais volta. A internet se incorporou à nossa vida, ao nosso cotidiano, e não dá para ficar invisível ou alheia ao que está acontecendo. 
Claro que alguma privacidade temos que ter. Mas, por outro lado, concluo que, como na vida, só se interessa em ler o que escrevo, quem se interessa por mim. E são essas pessoas que também me interessam. Gosto desta troca e não quero me afligir com medos e paranoias. Seria como gradear a minha casa e olhar a vida pela janela, com medo do que possa acontecer. Sem me relacionar, sem receber visitas, sem correr riscos. Qual seria a graça?

Um comentário:

ana maria disse...

Somos assim! Este poema postei com minha foto de perfil, no FB, por que sou exibida, adoro me fotografar, e deixo que falem. Bj

O PAÍS DAS MARAVILHAS

"Não se entra no país das maravilhas,
pois ele fica do lado de fora,
não do lado de dentro. Se há saídas
que dão nele, estão certamente à orla
iridescente do meu pensamento,
jamais no centro vago do meu eu.
E se me entrego às imagens do espelho
ou da água, tendo no fundo o céu,
não pensem que me apaixonei por mim.
Não: bom é ver-se no espaço diáfano
do mundo, coisa entre coisas que há
no lume do espelho, fora de si:
peixe entre peixes, pássaro entre pássaros,
um dia passo inteiro para lá."

Antonio Cícero

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