5.8.06

Voltar a pensar

Além de poeta, Viviane Mosé é filósofa e psicanalista. Falando, em entrevista, sobre o crescente interesse pela filosofia, ela disse:
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"É muito difícil avaliar o mundo contemporâneo, é sempre mais confortável avaliar o passado. Mas tenho a impressão de que devido a uma série de fatores, e um deles é a revolução tecnológica dos últimos trinta anos, vivemos uma destas grandes e decisivas mudanças.

A noção de tempo, de homem, de vida, de corpo mudou radicalmente. O universo conceitual que construímos durante séculos, fundado na verdade, na identidade, no futuro se esfacelou diante de nós. Da mesma forma as relações humanas, os valores éticos, o modelo psíquico. Aí a filosofia faz sentido. Faz sentido voltar a pensar, retomar a capacidade criativa do pensamento, ao contrário da repetição entediada de modelos, como fizemos durante tantos anos."

Um comentário:

Luiz Felipe Botelho disse...

Boa reflexão.
Concordo com a Viviane até o momento em que ela diz "pensar" como núcleo do criativo. Eu trocaria o "pensar" pelo "brincar". E esse brincar que falo não é o brincar das regras e dos jogos pré-fabricados, mas o da espontaneidade, o que vive no âmago dos seres e que ainda podemos acessar se quisermos, se tivermos coragem de nos entregar ao que ele poderá nos propor, se confiarmos na nossa capacidade de administrar a lógica da falta de lógica da alma que brinca.
Porque brincar abrange o pensar, sim, mas também significa agir, fluir, experimentar, ousar, gozar, ser.
Se é só para pensar, foi por conta disso que chegamos até aqui. Acho que, pensar por pensar, seja lá em nome de que for, já pensamos demais. O pensar, sozinho, não leva a nada a não ser a ele mesmo.
Bj.

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