8.4.06

"Memórias de Minha Vida", por Vânia


O Zéca La-Rocca me indicou este blog: Memórias da Minha Vida e eu adorei! Infelizmente ele está desativado, mas as histórias que estão lá são deliciosas. Fala de uma Lavras que eu conheci tão bem e que gosto tanto de relembrar!
A sua autora se chama Vânia Dotto. Já "conversamos" e ela me autorizou publicar alguns textos seus aqui:

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#" Minha infância foi feliz. Infância de muitas brincadeiras, descobertas e peraltices. Do meu nascimento até aos 10, 11 anos, vivi em Lavras do Sul, cidade que penso com carinho e saudade até hoje. Tenho muita vontade de voltar lá e mostrar aos meus filhos, onde morei, o que fazia, onde brincava, o colégio que estudava e tentar achar algumas amigas, saber como está a vida delas. Esta cidade me marcou muito, tenho tanta saudade... Não sei se exatamente da cidade ou da infância que tive. Fiz até um poeminha bem singelo para tentar exprimir o que sentia e ainda continuo sentindo:
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Brincando com palavras,
De repente...
Minha infância em Lavras!
Invente:
Saudade,
Idade,
Sem-maldade,
Felicidade,
Vontade...
De voltar atrás!
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# Como um castigo de professora pode traumatizar uma criança:
Eu estava na terceira série, tinha 8 anos. Gostava muito de conversar, era extrovertida, gostava de falar em público, declamar, cantar, etc. Pois bem, minha professora da terceira série, Emi (esta não esqueço pelo trauma que me trouxe), me deu um castigo que ficou gravado na minha memória até hoje. Estava em sua aula, conversando com uma colega, e ela, com aquele seu jeito estúpido, além de me xingar por eu estar conversando (e olha que quem conversa, conversa com alguém, mas o castigo foi só para mim), mandou eu colocar minha carteira bem em frente ao quadro negro, e eu fiquei isolada lá, quase que com o nariz no quadro-negro, durante toda a manhã desta aula.
Lembro das risadas dos colegas, da minha vergonha e vontade de chorar. É claro que nunca mais conversei na aula dela, pois a vergonha e motivo de chacota dos colegas me machucaram muito. Mas o que talvez ela nunca tenha imaginado, é que nunca mais fui a menina extrovertida e tagarela de antes. Depois disso, nunca mais me expus em público, e mesmo como adulta e profissional, quando tinha de dar alguma palestra como fonoaudióloga, ou mesmo entrevistas na televisão, aquela cena vinha à minha mente, e eu ficava envergonhada e ruborizada como se estivesse com 8 anos, e visse “olhos” de chacota e crítica em cima de mim. Perdi muitas oportunidades profissionais por conta deste trauma. Quantas palestras canceladas, aulas não dadas e entrevistas adiadas! Jamais superei esse trauma. Se alguma professora estiver lendo isso neste momento, que sirva de lição: Um castigo desses não se dá para crianças, aliás, qualquer castigo que rebaixe uma criança pode prejudicar muito mais do que os educadores (?) pensam! Existem outras maneiras de educar!

Memórias: Saudade...
Das frutas que comia no pé: butiá, romã, araçá, bergamota
Dos banhos no “Arroio do Seu Bidinho”
Da praça, da pira, de jogar bolita, do “pacacheché” da Cristina
Dos armários cheios de coisas antigas da Dona Tininha
Das lojas Agopp, Zeron e da sua irmã Ascanucha
Da rodoviária e da “Vó Diva, me dá bala?”
Das loucuras da Lilica, Giovane, Bitata
Dos xixis na cama, das mamadeiras com garrafas de pepsi-cola
Dos sermões do Padre André
Do carnaval, com os blocos relaxados e qualquer-jeito
Das serenatas que minhas irmãs recebiam
Do armário do banheiro onde me escondia
Das minhas bonecas de papel
Da fazenda do Seu João
Dos retratos que se mexiam, do quarto dos santos, dos relógios antigos
gritando de quinze em quinze minutos
Da Dona Jurema, Dona Maria Madrinha e da Dona Cadóca
E também da Dona Amélia que temia gatos e dos miados que fazíamos para assusta-la
Da minha mãe tocando violino, da Tânia tocando piano
Das histórias da Babá, histórias com caras e bocas, e sons
Da risada da Didira, de seus versinhos
Das brincadeiras de meu pai
Da Vera e eu dormindo de mãos dadas para espantar o medo
Medo de fantasmas!
Vera, você virou fantasma?
Me dê sua mão! Não tenho mais medo!"
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São muitas lembranças em comum: mergulhei nas histórias da Vânia! E tem muita coisa pra se ler! Esta foi só uma pequena mostra!
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(Foto da Vânia da sua pág. no Orkut. Imagem placa/ Lavras do seu blog)

Um comentário:

Anônimo disse...

Puxa, que honra!
Eu até fiquei com saudade de postar, ainda com preguiça, pois tenho de arrumar um monte de coisinhas no blog, mas... quem sabe...um dia...
E se eu postar de novo, o mérito vai ser teu, pelo incentivo.
beijos da nova amiga

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