Sempre que vou a Lavras, vou na casa do Néco, que é do lado da casa dos meus pais. Na casa dele, emoldurada na parede do seu escritório, tem uma carta que ele recebeu há alguns anos atrás, de uma amiga em comum, a Dani, que sempre passava as férias lá, em Lavras.
A carta é linda, sempre gosto de reler. Então pedi para o Néco para reproduzi-la aqui. A Dani faleceu há dois anos e deixou uma saudade imensa!
Tenho certeza que todos os que conhecem a Lavrinha e sabem da história da Dani vão gostar de ler:
"Neco
Não cheguei a conhecer Tarumã, mas a calma que sinto com vocês, em Lavras, deve ser a mesma do Gujo, quando seus versos mais inspirados voltam os olhos para casa... Estou aqui, nas lonjuras, tentando sentir a mansidão da campanha, enquanto uma saudade redomona aperta meu peito
Ouço meu cd da nativa FM e lembro de tudo o que passamos nesses mais de dez anos juntos... As primeiras vezes que fui pra essa cidade que, pelo menos pra nós, é mágica. Depois, as tardes regadas com música e com a brisa que entra pela porta de vidro da sala. A espera e a certeza de que alguém vai chegar pra repartir o amargo... A cuia e a bomba esperando em cima da mesa do centro, o mate cevado com pura folha, a preguiça...
As noites passadas na Telúrica... As vezes que fomos separados pelas madrugadas... O reencontro apressado pelo despontar dos primeiros raios de sol... As gargalhadas... Os carnavais... Os porres... A Galocha... O paredão... A sacada da casa do Toti... Os jantares de boas vindas e de despedida... Os dias frios na frente da lareira... As serenatas pra tia Aldinha... As tristezas... Lembro de tudo que passamos juntos e aumenta uma certeza: me aquerenciei...
Olho as fotos que estão penduradas na parede da minha sala e, novamente, a memória me proporciona uma viagem... As esperas na rodoviária de Caçapava... O Forte... A Pedra do Segredo... Os campos... O cheiro de pasto e de flores amarelas... O trevo da entrada da cidade... As ruas e as casas que me fazem ter a impressão de estar no cenário de um dos melhores filmes que assisti em minha vida...
Gostaria de estar fazendo esse roteiro agora...
Aqui, na distância, adormeço sempre na espera de ver o sol voltar na coxilha... Sonho com o sol da tarde caindo e com um fim de tarde bem lindo... Com as noites iluminadas... Com o barulho da água caindo no Paredão... Com que se compreende o real sentido em Lavras. Também aí se entende melhor o significado das palavras amizade, beleza, amor, carinho, companheirismo, afeto, alegria...
Gostaria de dizer que sinto muitas saudades e que desejo poder estar logo junto com vocês. Quero que saibam que me sinto honrada pôr ter sido sempre acolhida e que, por mais que eu esteja longe, vocês terão sempre, em meu coração, um lar. Além disso, e aqui pago uma dívida, sinto orgulho do meu amigo, que agora, ainda mais, vai cuidar de tudo isso para mim, pois é Vice – Prefeito desse chão sagrado
Parabéns, Neco! Tenho certeza do teu sucesso!
Despeço – me dizendo que não me desgarrei, apenas deixei a cancela encostada...
Até logo, logo!
Muitos beijos e abraços bem apertados, com muito carinho,
Dani
Naviraí, 12 de dezembro de 2000"
Não cheguei a conhecer Tarumã, mas a calma que sinto com vocês, em Lavras, deve ser a mesma do Gujo, quando seus versos mais inspirados voltam os olhos para casa... Estou aqui, nas lonjuras, tentando sentir a mansidão da campanha, enquanto uma saudade redomona aperta meu peito
Ouço meu cd da nativa FM e lembro de tudo o que passamos nesses mais de dez anos juntos... As primeiras vezes que fui pra essa cidade que, pelo menos pra nós, é mágica. Depois, as tardes regadas com música e com a brisa que entra pela porta de vidro da sala. A espera e a certeza de que alguém vai chegar pra repartir o amargo... A cuia e a bomba esperando em cima da mesa do centro, o mate cevado com pura folha, a preguiça...
As noites passadas na Telúrica... As vezes que fomos separados pelas madrugadas... O reencontro apressado pelo despontar dos primeiros raios de sol... As gargalhadas... Os carnavais... Os porres... A Galocha... O paredão... A sacada da casa do Toti... Os jantares de boas vindas e de despedida... Os dias frios na frente da lareira... As serenatas pra tia Aldinha... As tristezas... Lembro de tudo que passamos juntos e aumenta uma certeza: me aquerenciei...
Olho as fotos que estão penduradas na parede da minha sala e, novamente, a memória me proporciona uma viagem... As esperas na rodoviária de Caçapava... O Forte... A Pedra do Segredo... Os campos... O cheiro de pasto e de flores amarelas... O trevo da entrada da cidade... As ruas e as casas que me fazem ter a impressão de estar no cenário de um dos melhores filmes que assisti em minha vida...
Gostaria de estar fazendo esse roteiro agora...
Aqui, na distância, adormeço sempre na espera de ver o sol voltar na coxilha... Sonho com o sol da tarde caindo e com um fim de tarde bem lindo... Com as noites iluminadas... Com o barulho da água caindo no Paredão... Com que se compreende o real sentido em Lavras. Também aí se entende melhor o significado das palavras amizade, beleza, amor, carinho, companheirismo, afeto, alegria...
Gostaria de dizer que sinto muitas saudades e que desejo poder estar logo junto com vocês. Quero que saibam que me sinto honrada pôr ter sido sempre acolhida e que, por mais que eu esteja longe, vocês terão sempre, em meu coração, um lar. Além disso, e aqui pago uma dívida, sinto orgulho do meu amigo, que agora, ainda mais, vai cuidar de tudo isso para mim, pois é Vice – Prefeito desse chão sagrado
Parabéns, Neco! Tenho certeza do teu sucesso!
Despeço – me dizendo que não me desgarrei, apenas deixei a cancela encostada...
Até logo, logo!
Muitos beijos e abraços bem apertados, com muito carinho,
Dani
Naviraí, 12 de dezembro de 2000"
Algumas fotos de Lavras, especialmente para a Vânia Dotto .
5 comentários:
ANINHA, ESSA CARTA TRADUZ TODO O SENTIMENTO QUE A NOSSA DANI TINHA POR LAVRAS DO SUL. A DANI TINHA O DOM DE COLOCAR NAS PALAVRAS OS MAIS SINCEROS E SINGELOS SENTIMENTOS. COM CERTEZA QUEM A CONHECEU VAI ENTENDER O QUE ESTOU FALANDO. FICO FELIZ DE PODER RELER ESSA MARAVILHA ESCRITA POR NOSSA AMIGA, E MAIS FELIZ POR ESTAR NO BLOG DE UMA PESSOA TÃO ESPECIAL COMO VOCÊ.BEIJO.
Que linda essa carta! Acho que não conheci a Dani, mas senti tudo o que ela escreveu.
E as fotos!!! Lindas! Mas quase não reconheço nada!
A primeira foto, claro! A rua da igreja, o clube na esquina. A dona Jurema Souza morava por ali, acho que naquele pedacinho de casa cinza que aparece à direita. Será?
As próximas 2 fotos, não consigo reconhecer...Já se passaram 40 anos!!!
As outras: tô achando que o casarão azul com branco era a casa da Dona Tininha, tá parecendo... Que coisa linda!
E a ladeira? Ai, Ana, vais ter de me explicar. Mas adorei, muito obrigada!!!
Aninha...
fiquei emocionado ao ver a carta da dani no teu blog, que aliás, esta magnífico, bonito, inteligente e sensível.
estou separando um humilde texto meu para te mandar.
beijos querida.saudade.
Vânia!
As ruas são as seguintes:
Foto 1)Rua Dr. Pires Porto
Fotos 2, 3 e 4) Rua Tiradentes.
À esquerda, onde tem o coqueiro, era onde havia uma casa destruída. E, à direita é onde fica a casa da d. Tininha e havia um cinema.
Foto 5) Rua Dr. Pires Porto, mostrando a gruta e a casa do mei irmão, aquela casa branca lá em cima. Ele está se mudando pra lá.
Foto 6) Não lembro o nome desta rua! Foto tirada da esquina da pracinha em frente a Igreja. Com boa vontade dá pra ver um pedacinho da Praia do Paredão! Rsss...
Foto 7) Descida da Rua Dr. Pires Porto, depois do Clube.
Já me situei um pouquinho melhor, embora esteja tudo tão diferente!
Dá vontade de entrar dentro das fotos e ir caminhar nessas ruas, redescobrindo tudo.
Obrigada Ana, tu és um amor!
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