Programa Monumenta

Ultimamente tenho ouvido falar sobre o Programa Monumenta, um belo esforço para se preservar o patrimônio arquitetônico de várias cidades brasileiras. Entre elas, Pelotas!
Fiquei encantada ao ver os primeiros resultados...
Lembro que, logo que vim morar aqui, todos os dias, no final da tarde, escolhia uma rua e caminhava por ela admirando os imensos casarões com seus detalhes que me faziam viajar ao tempo que Pelotas era próspera e oportunizava o crescimento intelectual e financeiro dos que se propunham a trabalhar aqui... Tão diferente da falta de oportunidades que se vê agora...
Ao ver os primeiros prédios serem restaurados sinto vontade de voltar a passear com calma e rever os casarões seculares que, aos poucos, recobram a cor e a exuberância e voltam a exibir seus detalhes escondidos por tantos anos de abandono...

Achei aqui este texto que narra justamente essa época de opulência:

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"A GLÓRIA PERDIDA DO ENTORNO DA PRAÇA"
"O cheiro de história no ar vem dos velhos casarões - um deles (não tombado) foi até quartel-general dos farrapos durante a Revolução Farroupilha. As esquinas romanticamente iluminadas por lamparinas à óleo testemunharam de tudo - tempos mais remotos como o da existência de um poço na praça, servindo de bebedouro para os escravos tomarem água - tempos "modernos" como na década de 80 do século 19, já com a presença das residências de luxo, habitadas por charqueadores e políticos de famílias tradicionais.Os interiores apresentavam requintados forros em gesso, pinturas e barras decorativas nas paredes e esquadrias com vidros de cristal trabalhados. A parte externa, não fugindo à regra da arquitetura palaciana, ostentava gradis de ferro fundido e platibandas decoradas com estátuas e jarrões de louça. Moradias modestas, inclusive, herdaram essa influência.
O Monumenta representa preencher novamente o olhar com essas obras de arte. De uma forma que o presente interaja com o passado, nenhum obstaculizando o outro. Pelo contrário: a vida econômica ganhando estímulo com o incremento do turismo. E Pelotas tem o que mostrar. Seus palacetes foram concebidos por arquitetos europeus, que aliaram às técnicas construtivas locais, técnicas e estilos oriundos das suas cidades. Conforme Carmem Vera essa mistura gerou uma arquitetura qualificada que nivela Pelotas à Belém do Pará no podium de maior patrimônio arquitetônico eclético do Brasil. "Temos 1500 prédios compondo o Inventário do patrimônio Cultural de Pelotas", orgulha- se. Dos bens tombados os cotados para atendimento prioritário pelo programa são três casarões em estilo eclético, construídos por volta de 1880. A arquitetura dos prédios de nº 2, 6 e 8 diferenciou- se dos núcleos iniciais de origem portuguesa, utilizando projetos, materiais e elementos decorativos importados da Europa. O de nº 8 é considerado único exemplar no Brasil. Serviu de residência à família do conselheiro Francisco Antunes Maciel, segundo barão de Cacequí. Jóia preciosa pela complexidade de suas características arquitetônicas - leia-se particularmente o detalhamento belíssimo do forro em gesso - o prédio já recebeu verba de R$ 500 mil do Ministério da Cultura. Caráter emergencial: parte dele já estava desabando. Segundo Renata Requião, secretária de Cultura do município de Pelotas, das casas de barões, a nº 8 servirá como uma luva para transformar- se em museu de costumes. As salas de música e de refeições serão espaços de contemplação, mostrando a vida doméstica da época em que Pelotas viveu o apogeu da fartura financeira. Será um resgate da história do pelotense, do gaúcho, do brasileiro. De acordo com os técnicos do Monumenta, somente o Rio de Janeiro possui exemplares parecidos com os de Pelotas. O acervo arquitetônico pelotense ganha maior valor pelo fato de que foi edificado na época que o Rio era a capital do Império e a cidade do interior da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul já era opulenta e desenvolvida, dona de um refinamento só visto na capital federal da época."

*Intervenções