17.3.16

Operação Lava Jato


Queria escrever, aqui, sobre o momento que estamos vivendo, na política nacional. Me vem nomes como Dilma, Lula, Moro, Temer, Cunha, Aécio, envolvidos em corrupção, denúncias, delações, investigações, grampos telefônicos, pedidos de impeachment... É muita informação, muita desinformação, boatos, vídeos, áudios, questionamentos, falsas notícias... O mundo da política está degradado.
Fazemos autocrítica e nos damos conta de que, também, nosso cotidiano está permeado de pequenos e grandes atos de corrupção e nos habituamos a eles. Mas estamos cansados disso.
E percebo que não sei descrever como me sinto. Desanimada é a palavra mais próxima e mais leve.
Então lembro de um texto do Cássio Filter, que faz uma análise dos últimos acontecimentos e, apesar de tudo, mantém a esperança de que há luz no fim do túnel.
Fica o registro:

"Meio Vazio ou Meio Cheio?

Desde que me conheço por gente, nunca vi o copo brasileiro tão cheio quanto agora à noite, quando vazaram os áudios do Lula e da Dilma.

Explico.

O final do século passado foi marcado pela consolidação da democracia e o consequente fortalecimento da nossa República. Desde 1989 temos eleições diretas ininterruptas, depomos um presidente corrupto, vimos nosso país ser governado por um liberal, por um neoliberal e por um sindicalista ícone da esquerda. Perceberam a amplitude das ideologias? Isto é muito. Tão muito que é muito mais do que o Brasil jamais teve em sua história.

Não há mais como negar que nossa democracia é sólida.

Estando firme nosso alicerce político, ficamos aptos a erguer os pavimentos seguintes. O que a Lava-Jato faz, creio, é cimentar a construção do Poder Judiciário. Até pouco tempo, quando se imaginaria um dono de empreiteira preso e condenado a mais de duas décadas de cadeia? Quando se pensaria em políticos de situação e oposição investigados juntos, com provas escancaradas?

E embora tenha tom de fiasco, isto nos fortalece e nos dará créditos futuros. Prefiro pensar desta forma porque não vejo nada semelhante em países como Rússia, Índia, China ou outros com o grau de desenvolvimento social e/ou econômico semelhante ao nosso, onde a corrupção também é institucionalizada. Isto é segurança jurídica, que é a base de qualquer país sério.

Numa visão simplista de guerra ideológica, pode até parecer que se trata de uma briga Moro x Lula. Mas não.

Vivemos hoje, dia 16 de março de 2016, um dia de transição. Lula, um dos grandes responsáveis, senão o principal, do fortalecimento de nossa democracia política, se despede da condição de protagonista. A maneira deprimente como Lula se despede é resultado das escolhas do próprio Lula. E de mais ninguém.

Lula foi substituído hoje por Sergio Moro.

O magistrado passa a assumir, com o ônus e o bônus, a responsabilidade pela condução do próximo capítulo da reestruturação da sociedade brasileira, que passa pela moralização do judiciário. Torço para que mantenha a serenidade e o equilíbrio para cumprir esta missão. Mostra nestes primeiros atos em Curitiba o mesmo ímpeto e vigor que Lula mostrou no seu início lá no ABC paulista.

Digo isto porque penso que o STF passará a ser pressionado pelo padrão Moro de rigidez na conduta das investigações e condenações. Caberá à opinião pública esta cobrança, tendo a imprensa livre como instrumento principal.

O caminho é íngreme, longo e pedregoso, mas os primeiros passos estão sendo dados para que tenhamos as reformas política, previdenciária, tributária, entre outras, que resultarão num ambiente mais propício a um desenvolvimento econômico orgânico.

Lembrando sempre que se trata só de uma opinião otimista de quem vê o copo a encher-se. Afinal, estou vivenciando fatos que meus avós jamais imaginaram ver. E torço para que meus netos tenham um país que hoje não consigo imaginar como possível."

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails