30.11.13

Rotina


Em novembro estive muitos dias viajando, por isso, quando estou em casa, tento compensar.
Mil coisas para fazer, roupas para lavar, faxina, compras, comida saudável, companhia da Lídia e do Henrique!
Arrumar roupeiros é como organizar a vida. Jogar fora o que não serve mais e por em ordem o que fica, para facilitar as coisas. Sem tralha, roupas que não vamos mais usar, objetos que não servem para nada.
Tudo isso tomando chimarrão e achando tempo pra ficar na Internet, claro! E caminhar, tomar sol, ouvir música...
Minha casa é muito simples, mas gosto dela bem desse jeito. Até por flores num vaso e trocar lençóis e toalhas, me deixam feliz e com a sensação de tudo renovado!
Adoro poder dormir na minha cama, cuidar das minhas plantas, ter momentos de estar sozinha, cuidar de mim, me sentir bem... Descobri todos estes prazeres, simplesmente porque gosto da minha rotina. 
Sensação de gratidão por ter um lugar onde me sinto em paz! Definitivamente, não preciso de muito, para ser feliz!

A química dos imponderáveis

"A gente não ama com os critérios no lugar. A gente ama com o corpo. Ama mais as falhas do que as qualidades. Virtudes impressionam, alegram, encantam, mas, sobretudo, incomodam, e quando muitas, atordoam, se acumulam sobre as próprias carências, soterrando a admiração que um dia nos motivou o convívio com o outro.

Aí, num sopro, um passo equivocado do parceiro, e perde-se a linha em alto estilo. Acusamos o amado, ofendemos aquele que outrora nos encantava os dias, preenchia, complementava. Machucamos a criatura que amávamos, talvez, insuportavelmente. Coisa cruel o amor.

Não sei como se dá com os homens, mas numa mulher o corpo fala e diz bem alto. É assim: ela está ali desinteressada, poros fechados ao sexo, o foco em negócios diversos, passa alguém que não é seu tipo, um tipo improvável, esquisito. Ele olha, diz algo desestruturante, e... toim, o sino toca na Candelária, seu corpo balança, uma luz na espinha se acende, e danou-se tudo. Dali em frente, não há razão que coloque o trem sobre rodas, tudo já se desalinhou, e a mulher - desavisada e contente feito a insanidade – se faz refém de um troço cego sem rumo. O sangue que era pouco e irregular, jorra de novo nas pernas, espinhas brotam num rosto maduro, feronômios em ventania penetram suas narinas, as noites curtas se entrecortam de sonhos quentes. Ela tem 22 anos e pode tudo.

Mas e o outro que só estava passando e mirou de relance, por vício, quem sabe? Será que vai embarcar nessa máquina acelerada e febril?

Aí, minha cara, é com a sorte, com o destino, com deus... São coisas do amor, da química dos imponderáveis."

Maite Proença

Ser feliz é a melhor vingança


"Não há nada que endureça tanto que ser tratado com dureza."

"Esta é mais uma frase para nos fazer pensar. E nos colocar em estado de alerta permanente - que a dureza dos outros, que a indelicadeza, a mesquinhez e todos os demais defeitos humanos que nos atingem e nos aborrecem não nos contaminem jamais. Nada desta história de "pagar com a mesma moeda".

A melhor "vingança" é seguirmos em frente, sendo sempre seres humanos com qualidade, generosos e sensíveis.

Isto costuma "enlouquecer" muito mais todos aqueles que nos machucam, nos aborrecem e tentam o tempo todo nos desestabilizar!

A melhor resposta e o melhor jeito de revidarmos é sempre seguirmos tentando ser melhores e mais felizes a cada dia." 

(Célia Leão)



Eu acredito nisso.

Marcas



"Uma página em branco. É assim o corpo novinho em folha do recém-nascido. Desde o instante do nascimento e a cada fase da vida, a pele, os músculos, os ossos e os gestos registram dados muito precisos que contam nossa história. “O homem é seu próprio livro de estudo, basta ir virando as páginas para encontrar o autor”, diz Jean-Yves Leloup, teólogo, filósofo e terapeuta francês.

É possível escutar o corpo e conhecer sua linguagem, que muitas vezes se expressa por sensações prazerosas, por bloqueios ou pela dor, que nada mais é do que um grito para pedir atenção. “O corpo não mente. As doenças ou o prazer que animam algumas de suas partes têm significados profundos”, revela Leloup.

"Seu corpo registra energeticamente sua história de vida."

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26.11.13


De felicidade, de amor...

Rosana Braga

"Escrever sobre amor me faz entrar em contato com muitas e diferentes emoções, muitas e diferentes pessoas, muitos e diferentes corações... Me faz perceber o quanto podemos nos sentir absurdamente tristes e, um pouco depois, incrivelmente radiantes e felizes... É a magia de um dia depois do outro!

Felizmente, a vida não pára, o tempo renova e recicla todos os sentimentos, todos os caminhos, todas as possibilidades, inclusive o amor. Se hoje sofremos, hoje mesmo, ainda hoje, podemos nos sentir melhores, mais vivos, mais felizes... ou não! Tudo é uma questão de para onde estamos olhando, para onde estamos caminhando, aonde queremos chegar!

Você sabe? Sabe aonde quer chegar? Sabe o amor que quer sentir, que quer oferecer, que quer receber? Você sabe o quanto cabe de amor em si, no seu coração? Sabe quanto espaço se dá, quanto se permite ser feliz, ser um pouco mais alem, um pouco mais amor?

Sabe, ao menos, que o que você vê é o que você decide ver? O que ouve é o que escolhe ouvir, o que sente é o que optou sentir? Você sabe que é quem resolveu – por livre e espontânea vontade – ser?

É quase inacreditável o quanto isso é verdade! E reforço esta percepção toda vez que vejo pessoas fantasiando sobre os pensamentos do outro, imaginando sobre os sentimentos do outro, concluindo sobre o que o outro fez ou deixou de fazer sem ter se dado a chance de verificar os fatos, de perguntar, de esclarecer as situações.

Chega a ser tristemente engraçado descobrir o quanto sofremos sem necessidade, o quanto poderíamos viver de maneira mais leve e mais descontraída se parássemos de pensar tanto, de julgar tanto, de nos criticar e criticar tanto as demais pessoas. Como seríamos mais divertidos e satisfeitos se antes de sofrermos por algo que nos disseram ou nos fizeram, nos déssemos a oportunidade de ouvir, de peito aberto, de coração transparecido, desnudado, sem tanta desconfiança...

Quero propor um pacto com o amor, o amor pela vida, pelo outro e por nós mesmos. Quero propor que deixemos de fantasiar e imaginar o que vai na alma das pessoas e – simples e amorosamente - ofereçamos a elas espaço para que exerçam um direito humanamente adquirido: o de se explicarem, de se traduzirem, sem que nós mesmos – pretensiosa e equivocadamente - façamos isso por elas...

Não que as pessoas nos devam justificativas e satisfações, mas falo de uma oportunidade de baixarmos nossas armas... de humildemente ouvirmos com o coração o que o outro tem a nos dizer... Tenho defendido, sempre e repetidamente, o quanto devemos falar... mas agora quero propor que aprendamos a ouvir!

Abra-se para ouvir o outro sem usar a sua própria história para traduzi-lo, sem usar o seu próprio mapa para interpretá-lo, sem usar as suas regras, os seus valores e os seus sentimentos para julgá-lo. Apenas ouça... e ouça mais... e acolha cada pedaço dessa alma que se abre... Sem encanar, sem analisar, sem atribuir pesos e medidas... apenas acolhendo e percebendo o quanto ele pode ser diferente de você... o quanto você talvez o estivesse avaliando de forma equivocada, limitada, prepotente e arrogante...

Acolha e ame o outro tal qual ele é... e se não puder, que então ao menos não o condene sem ter-lhe dado a chance de falar e sem ter-se dado a chance de ouvi-lo... Porque tenho descoberto o quanto é difícil ouvir o outro sem julgá-lo com nossas próprias lentes. Certamente, este é um dom que muito tem a ver com amor!"

Paixão e medo

"Quero muito reafirmar mais uma vez que a paixão corresponde a um encantamento de ótima qualidade entre pessoas parecidas que vivenciam este encontro com muito medo. O medo é parte da paixão e dá a ela o caráter aflitivo e tenso que pode se assemelhar ao vício. Quando o medo se atenua, a relação continua a manter todo o vigor e todo o encantamento próprio das relações baseadas na confiança recíproca, numa intimidade totalmente compartilhada e num clima erótico legal. O medo não é outro senão uma manifestação do que chamo de fator antiamor, presente em todos nós, que está principalmente relacionado com o medo da felicidade. Este é o maior obstáculo à realização amorosa. Como todo medo, só pode ser tratado de uma forma: enfrentando-o com consciência, coragem, determinação e persistência."

Flavio Gikovate / Link




“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. 
Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre. 
Porque alguém disse e eu concordo 
que o tempo cura, 
que a mágoa passa, 
que decepção não mata, e 
que a vida sempre, sempre continua." 


Simone de Beauvoir

21.11.13

21 de novembro


"... apesar de todo o dilaceramento, solidão e lágrimas, a morte (que não é fim, mas transformação), estranhamente, loucamente, tem um poderio limitado: seu dedo cruel e ossudo não consegue encontrar a tecla com que deletar nosso melhores afetos."

(Elegia do amigo morto, Lya Luft. Texto na íntegra aqui.)

14.11.13

Menina, Escuta Teu Cantor



"Tu não sabes, mas eu te canto
Em cada volta de estrada
Por estes sem fins de campo
Em cada frescor de aguada
Teu nome põe mais um tanto
De lindeza às campereadas."

12.11.13


Link!

"Livre dos demônios os anjos também fogem" 
Maitê Proença

"Depressão, ando às voltas com o assunto.  Não por mim, benzadeus, ao longo da vida desenvolvi uma artilharia completa de mecanismos contra males do espírito.

A atualidade nos colocou, a todos, num mundo de possibilidades inexistentes há 30 anos.  A vida era mais arrumada e seus rumos nos eram indicados pelos pais, por hábitos culturais, por religião, moral e o escambau.  Tudo isso caiu muito rápido, o leque de opções se arreganhou.  No mundo de agora a gente pode desejar de tudo, e, ao tudo poder, já não sabemos mais o que desejamos.  Somos autônomos demais e muitas vezes temos a sensação de estarmos aquém daquilo que podemos.  

Pra complicar sentimos que a vida que levamos não é satisfatória (antes nem isso acontecia, a gente se adaptava ao que fora imposto e, bem ou mal,  seguia ali). Temos a sensação de que talvez o que desejamos não nos faça bem.  Como não estamos habituados a escolher, continuamos tomando rotas pautados pelo olhar do outro, escolhemos o que a sociedade diz que nos fará feliz, sem olhar pra dentro e reconhecer nossos reais pendores. Então, quando finalmente podemos escolher por nós e que temos os caminhos da vida nas mãos, desastrados, nos deparamos com a contrapartida, o preço a pagar: a angústia, a depressão, as fobias, os sintomas psíquicos.

Como se não bastasse a surpresa incômoda, existe uma lenda de que a vida plena só se dá quando se é feliz.  Isso é uma balela inalcançável, estamos embicados pra a morte desde o primeiro minuto de vida e nem um louco poderia ser feliz tendo consciência, inelutável, desta natureza comum a todos. A nossa essência é trágica e ponto. A vida melhora muito quando se convive com ela da forma que ela é, ao invés da mentirinha que a atualidade criou, cheia de promessas e truques para abolir males 'inabolíveis'.

Eliminar a depressão pode ser muito perigoso porque ela é um indicador de que a rotina que se está vivendo não é benéfica.  Sofrer faz parte desse troço que fazemos aqui, ora, é necessário compreender o que provoca o sofrimento e tratar - não eliminá-lo! - porque ele é o alerta que pisca e ajuda a prevenir o mal. Ele não é o mal em si!  Não queremos um cenário em que todos seremos normalizados por regras incutidas, ou pior, por uma farmacopeia que nos uniformiza, retirando afetos bons junto com os maus!

A cantora Joni Mitchel que sofreu anos de depressão, diz num vídeo a que assisti outro dia: 
"A depressão pode ser a areia de onde sai a pérola (o melhor trabalho pode sair daí quando se é artista).  Se você se livra dos demônios e das turbulências os anjos saem voando também.  Eles fogem." "

9.11.13

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