"Ontem eu vi um homem de quase 50 anos sendo de novo e ainda um menino.
Aconteceu enquanto ele me contava como era bom quando o avô aparecia pra jantar e esticava a visita até a hora em que ele e os cinco irmãos tinham que ir pra cama. Naquelas noites especiais, os seis se amontoavam no quarto maior, o das meninas, pra ouvir história, mas ele, caçula da turma, nunca conseguia ficar acordado até o final, a voz do avô embalando o sono, preenchendo a imaginação com paisagens, personagens e sonhos. Ouvindo-o falar do esforço que fazia pra não adormecer e do quanto se sentia frustrado no dia seguinte, vi o homem e o menino franzindo os olhos num mesmo tempo - o tempo que nos suspende e nos atravessa continuamente com todas as idades que vivemos: naquele momento, ele tinha 1, 2, 3... e também quase 50 anos."
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