"Triste de quem não conserva nenhum vestígio da infância."
Mario Quintana
"Rosa morava numa cidade pequena, no interior do sul do mundo. Durante a infância, a paisagem vista da janela era o mundo dela. A casa era enorme. A paisagem era uma imensidão. No início da adolescência, Rosa foi morar na cidade grande, o tempo passou, e ela também virou "gente grande". Só então retornou ao local onde vivera toda sua infância. A cidade e a casa agora pareciam menores. A paisagem da janela havia mudado tanto, já não enchia seus olhos, que por tantos lugares tinham passado. Respirou fundo e sentiu o aroma da casa, dos móveis, das velas que ficavam sobre as mesas. Aqueles perfumes trouxeram imagens claras do passado, e pode ouvir as vozes e os passos nos corredores, chegando a sentir os móveis aumentarem de tamanho por alguns instantes... Quase tudo estava no mesmo lugar que a sua lembrança era capaz de encontrar. A mudança que havia era dentro dela mesma, e ocorrera de forma quase imperceptível, durante aqueles anos todos. O retorno ao local onde vivera sua infância significou o reencontro com uma parte dela mesma, que não ficara apenas no passado, mas que carregara consigo em cada dia de sua existência."
Lídia La-Rocca
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