26.11.13

De felicidade, de amor...

Rosana Braga

"Escrever sobre amor me faz entrar em contato com muitas e diferentes emoções, muitas e diferentes pessoas, muitos e diferentes corações... Me faz perceber o quanto podemos nos sentir absurdamente tristes e, um pouco depois, incrivelmente radiantes e felizes... É a magia de um dia depois do outro!

Felizmente, a vida não pára, o tempo renova e recicla todos os sentimentos, todos os caminhos, todas as possibilidades, inclusive o amor. Se hoje sofremos, hoje mesmo, ainda hoje, podemos nos sentir melhores, mais vivos, mais felizes... ou não! Tudo é uma questão de para onde estamos olhando, para onde estamos caminhando, aonde queremos chegar!

Você sabe? Sabe aonde quer chegar? Sabe o amor que quer sentir, que quer oferecer, que quer receber? Você sabe o quanto cabe de amor em si, no seu coração? Sabe quanto espaço se dá, quanto se permite ser feliz, ser um pouco mais alem, um pouco mais amor?

Sabe, ao menos, que o que você vê é o que você decide ver? O que ouve é o que escolhe ouvir, o que sente é o que optou sentir? Você sabe que é quem resolveu – por livre e espontânea vontade – ser?

É quase inacreditável o quanto isso é verdade! E reforço esta percepção toda vez que vejo pessoas fantasiando sobre os pensamentos do outro, imaginando sobre os sentimentos do outro, concluindo sobre o que o outro fez ou deixou de fazer sem ter se dado a chance de verificar os fatos, de perguntar, de esclarecer as situações.

Chega a ser tristemente engraçado descobrir o quanto sofremos sem necessidade, o quanto poderíamos viver de maneira mais leve e mais descontraída se parássemos de pensar tanto, de julgar tanto, de nos criticar e criticar tanto as demais pessoas. Como seríamos mais divertidos e satisfeitos se antes de sofrermos por algo que nos disseram ou nos fizeram, nos déssemos a oportunidade de ouvir, de peito aberto, de coração transparecido, desnudado, sem tanta desconfiança...

Quero propor um pacto com o amor, o amor pela vida, pelo outro e por nós mesmos. Quero propor que deixemos de fantasiar e imaginar o que vai na alma das pessoas e – simples e amorosamente - ofereçamos a elas espaço para que exerçam um direito humanamente adquirido: o de se explicarem, de se traduzirem, sem que nós mesmos – pretensiosa e equivocadamente - façamos isso por elas...

Não que as pessoas nos devam justificativas e satisfações, mas falo de uma oportunidade de baixarmos nossas armas... de humildemente ouvirmos com o coração o que o outro tem a nos dizer... Tenho defendido, sempre e repetidamente, o quanto devemos falar... mas agora quero propor que aprendamos a ouvir!

Abra-se para ouvir o outro sem usar a sua própria história para traduzi-lo, sem usar o seu próprio mapa para interpretá-lo, sem usar as suas regras, os seus valores e os seus sentimentos para julgá-lo. Apenas ouça... e ouça mais... e acolha cada pedaço dessa alma que se abre... Sem encanar, sem analisar, sem atribuir pesos e medidas... apenas acolhendo e percebendo o quanto ele pode ser diferente de você... o quanto você talvez o estivesse avaliando de forma equivocada, limitada, prepotente e arrogante...

Acolha e ame o outro tal qual ele é... e se não puder, que então ao menos não o condene sem ter-lhe dado a chance de falar e sem ter-se dado a chance de ouvi-lo... Porque tenho descoberto o quanto é difícil ouvir o outro sem julgá-lo com nossas próprias lentes. Certamente, este é um dom que muito tem a ver com amor!"

2 comentários:

Claudia disse...

Texto lindo e traz muito para refletir...sempre muito bom passar por aqui...beijos e boa semana!

Lúcia Soares disse...

Escrito para mim?
Beijo, Ana.

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