26.4.08

Venderam a Telúrica??



Crônica de Fernando Adauto, escrita em outubro/2003.
Só achei este site agora e achei a cara das histórias que se conta lá, na Telúrica!

"Estou muito preocupado com as reformas propostas pelo atual governo federal. São importantíssimas, fundamentais, já deveriam ter sido feitas, mas estão sendo desvirtuadas e ao invés de melhorarem a economia brasileira podem piorar e agravar as dificuldades atuais. Assisti muitas reformas e tentativas de mudança no Brasil. Foram muitos pacotes, planos, tabelamentos, confiscos e reformas monetárias. Fizemos em 1988 uma constituição pretensiosa e generalista que até agora não sei que contribuição trouxe ao desenvolvimento do País. O interesse de alguns governadores e a ignorância de boa parte dos parlamentares sobre o tema das reformas podem comprometer os resultados e mais uma vez perdermos a oportunidade de acertar o caminho.

Gosto muito dos bares. Acho o bar, a taberna, uma grande invenção, é melhor que restaurante e outros similares. A informalidade do bar descontrai as pessoas e faz com que esse ambiente seja o melhor lugar para conversar, negociar, namorar, discutir futebol, política e como dizia o Antonijo o bom não é a caçada, são os comentários da caçada. “A Telúrica" em Lavras do Sul é um bar muito agradável. Na sua simplicidade, tem personalidade e cativa todas as gerações. Como em Lavras moro na Estância, quando vou à cidade freqüento a Telúrica. Diversas vezes fico para jantar e em algumas oportunidades saio na varredura. Em uma dessas reformas em que a inflação corroeu o valor da moeda e foram tirados três zeros do dinheiro, fiquei para jantar “na Lavra”. Depois da conversa com os amigos, regada com os bons vinhos da casa, pedi a despesa e paguei com um cheque que preenchi na euforia de animada discussão. No outro dia, quando cheguei do campo, tinha um recado do Banco do Brasil que pedia contato. Liguei para o Banco. O Ricardo atendeu e em tom de chacota perguntou:

- Compraste a Telúrica?

Tinha esquecido de tirar os três zeros do dinheiro novo. Dei um cheque de trinta mil cruzeiros para pagar uma despesa de trinta cruzeiros. Como em Lavras todo mundo se conhece e a intenção vale mais que uma reforma, o Banco pagou os trinta cruzeiros devidos, debitou na minha conta e devolveu o cheque absurdo.

De todas as reformas a mais importante para a agropecuária é a tributária. Dela depende o desenvolvimento das cadeias. A instalação de agroindústrias competitivas que tenham escala, marca e gerem os empregos tão necessários as nossas comunidades rurais depende de um novo modelo tributário. A competitividade deste setor está na sonegação e na guerra fiscal. Precisamos mudar. Qualquer coisa que fique parecido com o que temos atualmente não nos serve. Não precisamos inventar a roda. É só olhar o que a maior economia do mundo faz e copiar. Cobrar todos os impostos no destino é fundamental para a competitividade do setor e o desenvolvimento do Brasil."

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