6.9.24

Antidecoração

"Já pensou em uma decoração cuja proposta é justamente não seguir estilo nenhum? Confuso, mas é possível dizer que esse movimento vem crescendo cada vez mais. Inspirada na filosofia "anti-goals" ou antimetas, criada pelo empresário Andrew Wilkinson, a antidecoração aparece como uma alternativa mais real, funcional e afetiva para o lar.

Na maioria das vezes, quando se quer atingir o sucesso em algum âmbito da vida, é preciso sentar e traçar metas, porque colocar aquilo que você quer no papel pode ser libertador e ajudar na organização para fazer aquilo acontecer. Entretanto, para Wilkinson, é preciso fazer o contrário.

Ao invés de se prender em expectativas ilusórias, para ele é preciso viver no presente, relaxar e encarar o fato de que nem tudo se tornará real. Para isso, ele sugere escrever uma lista de coisas que você não quer ter na sua vida, e o mesmo serve para a decoração. 
Listar tudo o que te irrita dentro de casa, cômodo por cômodo, é o estágio inicial do "anti-décor". Depois, basta pensar em soluções simples, que não envolvam a estética, mas tenha em voga a praticidade e a qualidade de vida. A falta de espaço no armário te irrita? Basta comprar uma arara, diria esta filosofia.

A antidecoração também envolve as vontades próprias no morador, e não estar sempre pensando em modas passageiras ou estilos definidos. É jogar tudo para o alto e fazer aquilo que vem na cabeça, desde que lhe faça feliz.

Desta forma, o espaço se torna muito mais afetivo e personalizado, não com móveis milimetricamente planejados, mas com objetos que tenham personalidade. "A humanização dos ambientes, a filosofia de utilizar apenas o necessário ou de não ter a casa com cara de showroom está cada dia mais forte e acredito em uma crescente nesse assunto. Vejo que, cada vez mais, a decoração dará espaço para as memórias e as peças práticas que o próprio morador vai fazer", reflete a arquiteta Pati Cillo.

Vale ressaltar também que esse estilo foca muito mais em projetos "faça você mesmo", justamente por ser mais desconstruído e menos industrializado. "Isso pode até mudar a função do arquiteto ou do decorador, prestando uma assessoria com um olhar mais humano, utilizando de itens que o morador já possui", complementa a especialista, que muitas vezes usa peças de família ou objetos afetivos para trazer um ar mais aconchegante e sensível ao lar."
Ana Beatriz Hoffert | Fotos: Luis Gomes

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Características desse movimento:
1. Sem extravagância
2. Sem ostentação
3. Com reaproveitamento de materiais
4. Com repaginação de móveis, ao invés de descartar
5. Valorização da história de vida dos moradores
6. Planejamento para "sentir-se bem" 
7. Decoração com menos brilho e mais aconchego








Construí uma casa há dois anos e só comprei o fogão e a geladeira. 
Todo o resto é reaproveitado, reformado, reutilizado.
E estou apaixonada pelo resultado, reconhecendo memórias e 
pessoas que fizeram parte da minha vida em cada detalhe...

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