Por Angela Escritora, em 27 de outubro de 2012.
"Inexoravelmente, sempre que vou ao Rio alguma amiga diz:- Pinte seu cabelo! Mas porque não pinta?
Várias respostas passam pela minha cabeça:
Várias respostas passam pela minha cabeça:
- não pinto pois tenho medo do meu cabelo ficar feio como o seu.
- sou nobre. Só os burgueses pintam cabelo
- tenho coisa mais interessante para fazer com meu tempo (como escrever esse blog)
- resolvi dar uma chance ao meu cabeleireiro que é Deus. Acho que ele fez um bom serviço com as orquídeas.
Dependendo de como o “pedido-ordem “ é feito, desenvolvo o assunto. Pergunto por que a pessoa em questão pinta, a resposta sempre tem a ver com a aparência mais jovem. Mas eu não quero aparentar ter 50 anos! Quero aparentar os meus 53 anos!! ou será que se iludem achando que a tinta as fazem aparentar 18, ou 30 que seja?. O cabelo branco não envelhece, gente! O que envelhece é o tempo!!!
Também rola a questão da aparência desleixada. Mas como sempre fui desleixada, nem te ligo farinha de trigo.
Será que ao me verem com os cabelos brancos , além de acharem feio, ou por acharem mesmo ou por falta de costume, no fundo lembram-se dos seus próprios cabelos brancos e isso as aborrece?
Não sou como as belíssimas Julia Rodrix e Ivana Cury que sempre tiveram cabelos brancos. Tive de me acostumar com eles. Não foi fácil, juro. Mas hoje, sinceramente, acho que combinam muito bem com as minhas rugas. Quando as enxergo , claro, já que preciso de vários óculos para ver o mundo.
Leio um fwd de um texto assinado por Martha Medeiros (por favor, não me mandem mais nada escrito por ela! Eu acho tudo ruim e errado! Aliás, como sempre há exceção, morri de rir com o texto de dois domingos atrás, arquiteto X pedreiro ) onde ela se exalta por aparentar juventude. Como assim?? Ela nasceu em 61. Eu achava que ela tinha a minha idade. Então, não há regra mesmo. Vai ver que pessoalmente ela é diferente do que parece na TV e nas fotos.
Podem estranhar mas é verdade: eu não quero não ter rugas, não ter cabelo branco, não ter flacidez ou celulite. Eu não quero emagrecer. Não tenho nenhuma intenção de ser imortal. Não quero ser jovem. Acho, inclusive, que aquela canção “Forever Young" seja mais uma praga do que um bom desejo.
Eu não tenho um retrato envelhecendo por mim, no porão. Gosto das minhas gordurinhas. São simpáticas. Acho engraçadíssimo ter rugas no pescoço. Afinal, eu vi o homem chegar na lua. Eu vivi os anos 70! James Taylor falou comigo e eu fui para Machu Pichu. Usei combinação embaixo do uniforme do colégio. Presenciei e fui contra a obra do calçadão de Copacabana. Discuti se mulher casada devia ou não trabalhar fora. Fumei e parei de fumar. Tive plano de expansão de telefone. Ri dos primeiros celulares. Fiz mestrado e doutorado. Publiquei livros e artigos. Tive dois filhos, e já tem cabelos brancos. Casei, descasei e voltei a casar.
Como eu poderia ter vivido tudo isso sem ter cabelo branco já que não sou índia?
Já li tanta coisa! Já vi tantos filmes! Eu estava no Maracanãzinho quando Vandré cantou Pra não dizer que não falei de flores!
E fui fã de Raul. Tenho a exata idade do Rock e isso quer dizer alguma coisa.
Então, faça o que quiser porque é tudo da lei. Quem quiser pintar, pinte! Quem não quiser não pinte. Quem gosta de colorir tudo como uma arara, que o faça! Quem quer raspar, raspe! E chega de padrão! E viva a Liberdade!"
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Essa é a autora, Angela Carneiro - ou Angela Escritora:
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