Me identifico demais com todas as constatações do Vitor Ramil. O exílio, o frio, as lonjuras.
Abaixo, trechos de uma reportagem da Folha de São Paulo e um vídeo com o treiler de um documentário muito interessante, com o mesmo enfoque. São registros de uma série de movimentos artísticos e musicais que buscam entender este sentimento.
"Foi debaixo de um calorão carioca que o pelotense Vitor Ramil teve o estalo para criar aquilo que, se não é um movimento artístico no sentido clássico, com manifestos, revistas e dissidências, já é uma das mais interessantes experiências culturais do país: a Estética do Frio.
Não, não se trata de mais lamúrias contra "o eixo Rio-São Paulo". "Não estamos fora do centro, mas no centro de outra história", resume Ramil. Por "outra história", entenda-se produzir, a partir da tradição do sul do Brasil e dos países do Prata, uma "antitropicália", articulando música, literatura e artes gráficas.
"A Estética do Frio reabre uma discussão central no país sobre a sensação de exílio na própria terra, algo que chamo de 'lugar não comum'", diz o crítico e poeta Sérgio Alcides, professor da UFMG."
Ramil vivia em Copacabana e, num dia, tomando mate, viu na TV uma notícia sobre o Carnaval baiano, com todos seminus.
"Tomando o mate, de calção, pensei: 'Jamais estaria atrás ali!'. Daí veio uma matéria sobre o Sul, com imagens dos caras escrevendo nos vidros nevados, e tive duas sensações: saudade e exílio. O jornal tratava o povo seminu com mais naturalidade que as pessoas escrevendo nos vidros. Me veio à cabeça a sensação que todo gaúcho tem de ser ou não brasileiro."
Uma frase de Alejo Carpentier, "o frio geometriza as coisas", deu corpo à imaginação de Ramil. Associou o mate à paisagem plana do pampa e os gaúchos isolados com suas cuias de chimarrão. "O equivalente musical disso seria um cara tocando milonga. Daí surgiram os valores que identifico na Estética do Frio: rigor, concisão, melancolia, profundidade."
A Linha Fria do Horizonte
"Documentário musical que mostrará a obra e o pensamento de um grupo de cancionistas do sul do Brasil, Argentina e Uruguai que compartilham o fato de representar em sua obra a paisagem e o sentimento do local onde vivem, ignorando as fronteiras entre os países.
O brasileiro Vitor Ramil, os uruguaios Daniel e Jorge Drexler e o argentino Kevin Johansen são alguns dos artistas que por meio de suas criações, cada um a sua maneira, refletem sobre as questões da identidade local e global permeadas pelo frio."
A Linha Fria do Horizonte
O brasileiro Vitor Ramil, os uruguaios Daniel e Jorge Drexler e o argentino Kevin Johansen são alguns dos artistas que por meio de suas criações, cada um a sua maneira, refletem sobre as questões da identidade local e global permeadas pelo frio."
Um comentário:
E eu que amo o Jorge Drexler (que é médico por formação, sabia?) e seu primo Daniel. Ah! e o Kevin Johansen, então... sem falar que sou fã do Vitor. Um excelente documentário para assistir e guardar como história. Bj
Postar um comentário