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Hora de acordar. O sonho no sono. Os olhos fechados. O pesadelo. Os prazos, as datas, os dias sem fazer nada, a urgência de fazer tudo. O despertador. A dor. O tempo perdido. As horas em salas de espera, em filas no banco, o saldo no banco. Vermelho. Os prazos. As prestações. Os pré-datados. As noites em claro ninando filho com cólica. Nove meses de gestação. Amamentação. Os horários marcados e esquecidos. Os atrasos. Os vencimentos. A irritação. A hora da novela. Do café. A hora de ir buscar o pão. Os minutos a mais no chuveiro enquanto a água quente escorre no corpo. Os minutos a mais na cama, na preguiça de levantar de manhã. O tempo que passou. As lembranças com datas difusas. A idade dos avós. A velhice dos porta-retratos ovais pendurados na parede. A fruta comida verde, no pé, sem tempo de amadurecer. O negrinho na panela comido quente, sem calma de esfriar. O tempo certo da água no fogo pra fazer o chimarrão. A época dos dias cinzentos, das geadas, do Minuano que faz barulho na janela. Que dia é hoje? Idade pra entrar no cinema, pra votar, pra tirar carteira de motorista. Festa de 15 anos. Álbum de fotos amareladas dos 15 anos. Cabelo dos anos 70. Músicas dos anos 80. Rita Lee e mania de você de tanto a gente se beijar. O tempo que voava nas férias de verão. Folhinha na parede da casa da minha avó. A maioridade. A felicidade. Feriados. Dias santificados. Banho de rio, cesta de lanches e mutucas. Cheiro de bronzeador misturado com cheiro de mato e barulho da cachoeira. Limo verde na pedra, avenca brotando da terra, sombra e luz brincando na água. Hora do almoço. Sempre lá fora. Sempre na mesa enorme lá de fora. Corredor comprido, barulho de pisadas no chão. O armário de livros. Hora da séstea e de ler escondido. Tensão. Excitação. O relógio lá de fora sempre toca um badalo para cada hora. Meia noite, hora de fantasmas, cabeça tapada. Doze vezes o relógio avisa. Fantasmas. Misturados com as leituras proibidas. Tanto mistério. Tanto medo e a imaginação não pára e o coração dispara. Pão de minuto. Revista semanal, Cólica mensal. Tempo passando. Os aniversários, com guaraná. Volta cedo, não demora! Horário de verão. O Tempo e o Vento. Clarissa. Cheiro da casa da minha avó. Coisas guardadas tempo demais. Coisas adiadas tempo demais. Relógio biológico. Tempo perdido. Temporal. Lacuna. E o tempo não pára. E agora? Pressa, urgência, aflição. Tem que ser agora. Abre os olhos. Acorda, menina! Há vida lá fora!
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7 comentários:
Que lindo, Ana!
Atemporal, tudo isso acontece todos os anos, todos os meses, toda a vida.
Você escreve bem, devia fazê-lo mais. Mas sem nunca deixar de colocar suas imagens lindas.
Beijo!
O tempo e a falta dele, a vida enfim.
Adorei o texto Ana.
:)
Vim para seu blog atraves da Claudiaroma.... Adorei este texto.. Muito lindo. Se voce me autorizar, gostaria de rerepublica-lo no meu blog, para mostrar sua arte....
cris-mussi.blogspot.com..
Abraços
Cris Mussi
Claro que autorizo, Cris!
E agradeço a divulgação...
Depois vou lá, conhecer o teu blog!
Bjs,
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Obrigada, Gurias!
Os elogios são estimulantes...
Beijão!
Ana, não sei como mandar para voce o texto que reproduzi no meu blog.
Veja lá....
http://cris-mussi.blogspot.com/b/post-preview?token=MlxuuTYBAAA.8RwP5quf1ai-xkwq74pVGw.GCpAcfTGb0e4ELt-vfTVWQ&postId=3694434008323334378&type=POST
Vc tem facebook?
bjs
Cris Mussi.
Ana, mandei o link errado... rsrsrs
Veja lá..
http://cris-mussi.blogspot.com.br/2012/04/tempo-tempo-tempo-tempo.html
Me add no face. Cristina Mussi
Seu tempo é iluminado e lindo, repleto de vírgulas, aspas, interrogações, exclamações, reticências e, graças a Deus, nenhum ponto final.
Abração
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