"O passado não deve ser compreendido apenas em seus próprios termos, mas também em termos das percepções do presente."
"À medida que amadurece, o ser humano vai transformando a maneira de ver o mundo, pois sua escala de valores sofre modificações naturais. O que parecia ter importância aos 17 anos, aos 32 pode parecer ridículo. E vice-versa.
Obedecendo ao mesmo raciocínio, quando terminamos o colégio, não temos preocupações que passamos a ter quando terminamos a faculdade. Nada mais lógico, pois a idade muda os centros de interesse e, com eles, a importância dos fatos que constroem a realidade que nos cerca. Só que os fatos vividos e não totalmente resolvidos emocionalmente costumam se acumular em nosso inconsciente na forma de recalques, que se manifestam e interferem em nosso comportamento sem que tenhamos consciência disso – até porque eles habitam a região inconsciente da mente.
É o passado interferindo no presente. São velhos valores, totalmente desatualizados, invalidados, mas presentes em forma de lembranças inconscientes. Está na hora de acionar a máquina do tempo! Como assim? Ora, abrindo espaço para o exercício do autoconhecimento. A maioria dos erros que cometemos em nossa vida deriva da falta de percepção de nossos alcances e de nossos limites. E aumentar o conhecimento de nós mesmos permite o desenvolvimento de duas qualidades imprescindíveis ao bom funcionamento de nossa vida: a auto-estima e a autoconfiança, já referidas acima.
O inconsciente é uma parte do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento. Não dispõe, por exemplo, das noções de tempo. Não sabe o que é passadoo que é presente. E é justamente no inconsciente que encontramos os conteúdos reprimidos, que não têm acesso ao consciente por conta de censuras internas. Conteúdos anteriormente conscientes, quando reprimidos por força de algum fato externo, sedimentam-se no inconsciente e podem provocar limitações por toda a vida.
Como falta a noção de tempo, o passado vira presente e nos aprisiona pelos sentimentos que já deveriam ter deixado de existir, uma vez que nossos valores, e os do mundo, mudaram. Costumamos dizer que temos que estar nos atualizando permanentemente, e levamos isso ao pé da letra, mas apenas no mundo profissional, intelectual, tecnológico. Deveríamos também atualizar nossa percepção de nós mesmos, e não apenas do mundo que nos rodeia."
(Eugenio Mussak)
Li o artigo na Revista Vida Simples (leia o artigo completo) por indicação da Isa, do Taurusetcancer.
3 comentários:
Ana, totalmente verdade.
Ontem mesmo, em casa de Mamãe, "discutíamos", nós, os mais velhos, e um sobrinho, que teima em viver do passado, achando que tudo que é faz parte do que se foi. Se recusa a crescer (já é pai) e fica remoendo o que viveu e não pode ser consertado, apenas passou!
Mas não é fácil mesmo a gente ter essa percepção. Vale a pena ler tudinho!
Beijo. Saudade!
Amei, Anabacana! Eu mesma, muitos anos atrás, era assim, graças a Deus consegui superar.
Bjim
Texto bacana mesmo, a gente tem que se ligar que o tempo é curto na vida, mas se quisermos ser melhores, principalmente na velhice, devemos dar um tempo para olharmos pra nós e nos descobrirmos verdadeiramente.
Por isso acho super válido fazer terapia, mesmo sendo mais velho.
bjs cariocas
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