29.6.06

Divagações sobre a Copa do Mundo

Sabem aquelas coisas "paralelas" que vão vindo à nossa cabeça em tempos de Copa do Mundo? Pelo menos comigo é assim: vou misturando lembranças, patriotismo (êta palavrinha esquecida!), auto-estima, indignação, sentimentos que vão se emaranhando e que ficam todos de lado na hora do GOL!!
Mas basta o jogo continuar que fico me debatendo em questões como o nosso hino nacional, os famigerados patrocinadores, a história da nossa seleção, Zagalo e seu nº 13 (às vezes implico com ele, depois me rendo aos seus cabelos brancos e sua história na seleção), Pelé X Maradona, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, quilos a mais e revanche, futebol X política, futebol arte X resultado, Globo e Galvão Bueno...
Pois é: com este frio que anda fazendo acabo ficando muito tempo aqui, na net, e descobri um blog delicioso: Viaje na Viagem, de Ricardo Freire. Ele fala de um jeito bem humorado de todas estas coisas que pensamos em dias de patriamadaidolatradasalvesalve disputando a Copa do Mundo!

Algumas coisas que ele fala, lá:

"Os sem-cachê
Antigamente a gente conhecia os jogadores pelos times. O Falcão do Inter, o Zico do Flamengo, o Cerezo do Atlético, o Sócrates do Corinthians, o Éder do Grêmio, o Waldir Peres do São Paulo.
Hoje a gente conhece os jogadores pelos comerciais. O Ronaldinho da Nike, o Kaká da Adidas, o Roberto Carlos da Pepsi, o Ronaldo da Brahma, o Robinho da Vivo, e sei lá quantos do Santander.
E daí, quando por um milagre o Parreira põe em campo algum dos sem-anúncio, 97% dos telespectadores ficam boiando.
Com alguma sorte, porém, o sem-merchã faz um golzinho, e então ganha closes, replays e entrevistas que acabam funcionando como uma pequena campanha publicitária em causa própria.
Muito prazer, Gilberto. O prazer foi todo nosso, Juninho Pernambucano.


O que é mais constrangedor?
Ver o Brasil como jogou contra a Croácia, ou ver o comercial do Ronaldo Fenômeno chutando nas estrelas?

Ver a Argentina dando show de bola, ou ver todos os trocentos comerciais que secam a Argentina?

Humpf!
Hoje de manhã, indo para uma gravação, ouvi o Milton Jung na CBN ironizando quem não tinha ficado satisfeito com a vitória da Seleção – todos nós, os mariquinhas que queremos ver o Brasil jogando bonito.
Coisa que de quem não entende a diferença entre torcer pelo Brasil e torcer pelo Grêmio.
Até ontem eu não tinha certeza disso -- mas hoje eu sei que não faço questão nenhuma de ver o Brasil ser hexa jogando essa bolinha.
A gente não precisa. Desse jeito aí, não faz falta nenhuma. Em 94 fazia sentido. Mas agora não tem o menor cabimento.
E tem mais. No dia em que o Brasil desistir de ser o time que vai ser campeão jogando bonito, eu passo a torcer pra Holanda.


Eu odeio o Hino Nacional.
Quer saber? Não é por falta de interpretação de texto na escola. Não é porque ninguém saiba se o primeiro verso tem crase ou não tem (ou consiga perceber a diferença de significado com ou sem crase). É um caso de total falta de identificação. Essa peça de música não nos une, não nos emociona e não nos representa. Por isso não conseguimos aprender a cantar.
(Mas o meu argumento nem é esse. O meu argumento é: a letra é de doer, e pronto.)
Temos um povo musical por excelência. Temos a melhor música popular do mundo (ou, pelo menos, a única que consegue rivalizar em qualidade com a americana). E um hino que ninguém consegue cantar. Por que será, hein?
Eu gosto de caju, tapioca, coentro, moqueca de siri, Rosa Passos, queijo coalho na brasa, vatapá, pinhão, doce de jaca em calda, Agamenon, tacacá, Guel Arraes, renda de filé, Havaianas, A Grande Família, o hino do Botafogo, o hino do Grêmio (e eu sou torcedor fanático do Inter, que tem um hino ainda mais infeliz que esse que estamos discutindo), Regina Casé, pastel de pizza, Parintins, coração de galinha com farinha, Domingos de Oliveira, o hino do Elefante – Ó-lindáááá! / quero cantar / a ti / esta canção / teus coqueirais / o teu céu / o teu mar / faz vibrar meu coração / de amor / a sonhar / minha Olinda sem igual / salve o teu / Carnaval! / Pararapá-pa / pá-pa / pá-pa! Tchiururu tchiururu tchiururu-ru / Tchiururu tchiururu tchiururu-ru! / Pararapá-pa / pá-pa / pá-pa! / Tchiururu tchiururu tchiururu-ru / Tchiururu tchiururu tchiururu-ru!

Ouviram do Pelô
Tenho aversão ao Hino Nacional. Não à melodia, mas à letra. Acho inconcebível que aqueles versos pré-camônicos tenham sido oficializados em pleno 1922 – o ano da Semana de Arte Moderna. Rebuscado, transtornado e, no fim das contas, incompreensível, o Hino é o primeiro responsável pela dificuldade das nossas crianças com a língua portuguesa.
(Por favor, não me venham com aquele artigo do "Guardian" dizendo que são os versos mais bonitos entre todos os hinos do mundo. Como bem sabemos, até Paulo Coelho bem traduzido fica bom.)
Só que... pára um pouquinho. Acabo de ouvir, na Globo, um trechinho do Hino tocado e cantado pelo Olodum lá no Pelourinho e... caramba, ficou muito bom. A melodia ficou mais gostosa. E a letra – bom, a letra parece só mais uma letra sem sentido de samba-reggae... "


-> Ricardo Freire também fala sobre o VAI BRASIL, um projeto criado pelo MTur – Ministério do Turismo, em parceria com a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo - BRAZTOA e a Associação Brasileira das Agências de Viagem – ABAV, com o objetivo de fomentar a comercialização de pacotes turísticos em períodos de baixa ocupação nos diversos destinos do Brasil.
Seria, também, um programa de inclusão do turista de classe baixa? Leia o que ele pensa!

2 comentários:

Ricardo Rayol disse...

Bom se ele acha o hino nacional sem nada a ver imagina a opinião dele quanto aos hinos dos outros... coma Globo "traduzindo" os hinos conclui que o nosso é uma peça musical da maior qualidade ehehehe.

Cheguei aqui pelo multiply.

Lídia disse...

Aqui é a prova de que o povo brasileiro não entende o hino nacional:

http://video.google.com/videoplay?docid=-1496208792337770832&q=%C3%ADdolos

ehehehehehehehe

Imagens do programa Ídolos que passa atualmente no SBT...

Bjo

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