
Cada vez me lembro mais de coisas da minha infância. Algumas coisas são hilárias! Por exemplo: rezar a Ave Maria. Eu começava bem... "Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco... " Convosco?! Eu achava que significava alguma coisa do tipo o Senhor é bondoso, ou o Senhor é bonzinho...
Sou do tempo em que a missa era rezada em latim!! Oh Céus! Tudo tão incompreensível e as pessoas tão concentradas, com as cabeças baixas e caras de culpa!! Fiz a Primeira Comunhão junto com a minha prima Lala e, até hoje, lembro do esforço dela em listar seus pecados, como se, quanto maior a lista, mais importante ficasse aquele Sacramento! Uma questão de status!!
Por estas e outras decidi que nunca ensinaria estas orações pra meus filhos nem os induziria pra qualquer tipo de religião ou me anteciparia às suas decisões de fé e espiritualidade. Mas sempre rezei antes de dormir e sentia vontade que eles tivessem seu momento de oração, associado à alegria, à gratidão e à reflexão.
Então, todas as noites, agradecíamos ao Papai do Céu todas as coisas boas que eles iam lembrando e eu procurava ajudar na lista: o dia de sol - ou a chuva que tinha caído, os passarinhos, as flores, os amigos serem tão divertidos, a professora ter tanto a ensinar... Eu lembrava como era bom eles terem tanta saúde, a visão perfeita, poderem correr, brincar, ouvir, falar, serem inteligentes, aprenderem tantas coisas... A lista ia ficando interminável!
Se eles estivessem sem sono e me quisessem por perto cada vez lembravam mais coisas pra agradecer: terem uma casa limpinha, avós maravilhosos, tantos primos, bicicletas pra passear, livrinhos pra ler, a nota boa no trabalhinho da escola, os programas preferidos na TV, o dentinho que tava nascendo, o banho ter sido demorado, a pipoca ter estourado todinha...
Até hoje lembro do esforço que precisava fazer pra não rir de algumas coisas inesperadas que eles lembravam e a vontade que tinha de beijar muito os dois e de quanto era agradecida por estar vivendo aqueles momentos!
Bah, Ana, ninguém comentou este post maravilhoso? Nem eu? Onde eu estava?
ResponderExcluirQue jeito bonito de ensinar as crianças!
As Marias rezam antes das refeições. Precisas ver a Maria Clara, que coisinha mais querida! Ela não fala, mas chama a atenção e posta as mãozinhas.
Todos os dias eu agradeço a Deus tb por elas na minha vida.
Bjim.
Ana,
ResponderExcluirDos três filhos que tenho, dois vieram para aprender: Hugo e Lara - são destaque na escola, medalhistas de primeira hora, passam em todos os concursos, falam quatro idiomas, já viveram fora, intercambistas, tiram de letra os desafios e são craques na memória. E um veio prá ensinar: o do meio, o danado, é o Caio, comigo esbanjando carinho, me fazendo cafuné, no avatar atentado.
Beijo.
2006 eu não a conhecia ainda. Rodei muito pelo seu blog, lembro-me deste post.
ResponderExcluirEu tb me pego pensando, ultimamente, nas orações que encontramos prontas. O Pai Nosso e a Ave Maria me "caem" bem, mas o Credo e a Salve Rainha...Tenho vontade de mudar algumas palavras, não consigo entender "somos os degredados filhos de Eva", "neste vale de lágrimas", e etc. Mas sigo rezando, porque me dão sustentação.
Também rezo com os netos, relembrando todas as coisas boas do dia e tentando entender as que não foram boas, tirando lições disso. Uma delícia poder passar para eles a gratidão.
Beijo, Ana.
Saudade de textos assim, simples e sinceros.